No meu trabalho não tenho só dias agitados e coisas tristes. A pressão, as dificuldades e o instinto de sobrevivência levam a que o espírito de entreajuda, a camaradagem e as gargalhadas estejam sempre presentes, e que os tempo mortos sejam passados entre algum descanso e brincadeiras permanentes. Quando não temos que fazer inventamos, damos largas à imaginação e fazemos trinta por uma linha...
A Marta é minha colega de equipa, a alcunha dela é Lsd porque é alucinada, tem um ar divertido, puro, meio doido, desbocado, repleto de palavras fáceis que lhe saem pela boca fora em catadupa sem pensar muito bem no que diz. Por ser assim já sofreu na pele alguns dissabores, e olhares maliciosos.
A nossa televisão da sala de pausa é um cangalho podre de velho, quadrada, pesada, antiga, pendurada num suporte no tecto, bem no alto, já sem comando à distância e em que a tonalidade dos intervenientes no ecrã é um verde Kiwi, meio extra terrestre dando um ar intrigante e extra sensorial a qualquer programa mais normalzinho que por ali apareça. Como acessório imprescindível temos um cabo de vassoura que serve para mudar os canais e ajustar o som quando é preciso ouvir alguma coisa... muito raramente, porque pouca coisa tem interesse nos canais portugueses para ser ouvida.
Esta semana a nossa máquina infernal morreu. Kaput! A malta que já anda triste com os cortes, a troika e à beira da depressão, ficou revoltada com a ausência da fada sininho das manhãs da tvi, da mulher eco da Sic, e da Sô Dona Fatinha do programa que ajuda pessoas que têm estofo para chorarem em publico e exporem-se mais do que o necessário para terem uma ajuda, e ainda a magia dos programas a altas horas da noite que terminam sempre numa descida única e exclusiva ao mundo maravilhoso dos milagres das televendas.
Como há vários dias que não há televisão o chefe de equipa de banco resolveu fazer entre todos os funcionários do serviço uma recolha simbólica de verbas para podermos comprar uma tv nova...assim estipulou-se 5 euros a cada um. Ontem passou pela nossa sala de pausa na passagem de turno para recolher o dinheiro dos elementos presentes, todos tirámos a notita de 5 euros e demos, vai a Lsd e pumba dá uma nota de 10 euros.
Dr X- São só 5 euros, não são 10.
Lsd- Mas eu quero dar dez... porque de certeza que do dinheiro desta gente toda ainda vai sobrar algum, e com o que sobrar, compra um vibrador aqui para o serviço. Nem precisa ser uma coisa muito especial, secção de pequenos electrodomésticos, linha branca... se quiser até vou consigo... mas olhe que era uma excelente ideia para ter aí numa gaveta.
Dr X- Ai Marta, lá está você com as suas coisas...Disparate.
Lsd- Disparate nada, juro-lhe que melhorava em muito a qualidade dos serviços prestados e o humor das equipas de trabalho, acabavam-se as que não pinam e as que mal pinam, e se os machos ficassem tristes e com inveja não havia problema, aqui não há desigualdade e também podiam experimentar. E se não percebeu bem o que é pinar porque não deve ser do seu tempo é truca truca, aquela coisa que até os bichinhos gostam...
Dr X- a rir... Valha-me Deus do que te lembras!.
Lsd- Vá esqueça, dê cá o troco... ia haver guerra por causa do dinheiro para as pilhas.
Lsd- Vá esqueça, dê cá o troco... ia haver guerra por causa do dinheiro para as pilhas.
Toda a gente a rir...
Omg Lsd, só tu rapariga.