terça-feira, 31 de março de 2015

segunda-feira, 30 de março de 2015

Coisas parvas que me fazem rir... porque gargalhar faz bem à pele.



Eu amo as pessoas que me fazem rir.

Audrey Hepburn


 O meu colega Duarte para mim na sala de tratamentos...

- Tens um ali para ti que não é carne nem é peixe.
- Não é carne nem é peixe? É um travesti?
- Não. É um Leitão Robalo.

Ahhhhh.. Há malta com cada nome.

A minha colega Tatoo para um doente...

- Vamos lá a pôr de pé.
- Ai menina o que eu gostava, Já não sei o que isso é há tanto tempo!
- Você...  é você que se vai levantar. Nada de mal entendidos.

Oh páh és uma desmancha prazeres!

A Picolé para um médico...
- Dr.João Pedro a doente Alda Bastos está consigo?
- Não. É o Dr Mário R. Vá lá que ele está lá à sua espera. Com ela na mão.

Tudo a rir... até o médico corou.

O Pedrinho em voz alta...

Vamos receber uma tentativa de suicídio por intoxicação medicamentosa.
Parece que é uma overdose de ansiolíticos e álcool.
Resposta pronta da minha colega LSD...
então quando chegar pergunta-lhe lá ao ouvido senão sabe que o álcool corta o efeito dos comprimidos... Tanto esforço para nada. Se fossem para a porra, não fazem nada de jeito.

 Shiuuuu...Não digas alto tudo o que pensas


O meu coleguinha João entretido com os botões dele...
(a cantar baixinho )

Roda, roda, viva (Acrescentar música de foclore )
Roda, roda, bem
estou prá qui há horas
e ainda não reanimei ninguém.

Tum tum tum,
e não me parece nada bem!

Tudo a rir a acompanhar o ritmo da coisa, de braços no ar e a bater o pezinho.

domingo, 29 de março de 2015

Cai neve, cai neve no meu coração...




Os flocos de neve que trouxe no peito derreteram. Transformaram-se no que sempre foram. Água. 
Lágrimas apenas. 

sexta-feira, 27 de março de 2015

A propósito do co-piloto que resolveu brincar de Kamikaze com um avião com 149 passageiros a bordo...




Não me incomoda nada gente que se mata ou tenta matar-se ou chama só a atenção sem fazer nem a primeira nem concretizar a segunda. A morte devia ser uma escolha de direito como é a vida. Cada um deve fazer com a sua vida ou com a ausência dela se assim entender o que muito bem lhe apetecer. Agora o que me irrita mesmo muito, é que quem lhe apetecia muito viver, por exemplo os membros da tripulação que estavam tranquilamente e normalmente na rotina do seu trabalho, os 16 adolescentes que regressavam ao seu país de origem depois de um intercâmbio cultural, os 49 espanhóis que aproveitavam as férias para visitar a Alemanha, e os outros passageiros todos de outras diferentes nacionalidades que por lá iam na calma das suas vidas, felizes e contentes por estarem vivos sem chatearem ninguém tenham morrido também. E não queriam. Não lhes dava jeito nenhum. Não escolheram isso. E ouvi dizer que até tinham outros planos.

Consigo entender quem se suicida. Não entendendo as razões, mas esforço-me sempre por entender " a razão". Respeito quem o faz. Lido todos os dias com isso e nunca me passou pela cabeça questionar a opção de cada um. As escolhas são como as vaginas, cada um tem a sua. Pode ser a escolha errada para mim, mas foi a válida para aquela pessoa. Agora o que eu não entendo mesmo e por muito que me esforce é o egoísmo tremendo (se a opção do suicídio se confirmar de facto) de alguém que resolve suicidar-se e pelo caminho arrastar por simpatia 149 pessoas para a sua morte. É só que isto irrita-me mesmo imenso, e se fosse comigo era capaz de mesmo morta, mortinha da silva, sem um braço ou uma perna, levantar-me e arrancar-lhe os olhinhos com a ponta das unhas lentamente... até porque no céu dizem que o tempo não conta e tempo era coisa que não me faltaria.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Pelo buraco da fechadura...



O que se passa na patrulha fica na patrulha. 

Este é o lema da casa. Há muitos anos. Porque me irrita publicitarem-se feitos que se acham heróicos e não o são, porque me incomoda seriamente quem comenta a vida alheia e as opções de vida de cada um achando-se cheio de vaidade e de certezas de quem sabe tudo e afinal não está no convento por isso não sabe o que lá vai dentro, porque não é bonito andar a espreitar a vida de cada um pelo buraco da fechadura, e é certo que quando se espreita só vemos metade da acção e só percebemos parte do contexto. E porque acredito no proverbio que diz cada um sabe de si e o que está lá em cima sabe de todos. 

O que me serve a mim não serve ao meu vizinho do lado. O formato que me faz feliz a mim não resulta com aquela minha prima que quer um vestido branco e um copo de água numa Quinta em Sintra com pelo menos trezentos amigos e uma lua de mel nas Maldivas, e aquele meu sonho por concretizar de um dia aterrar em Nova Iorque, alugar um carro e atravessar vários estados ao longo de várias semanas é para um qualquer Easy Rider de trazer por casa uma ninharia sem importância com direito a comentário de escárnio - o quê, só isso?

Não falo da vida dos outros. Nunca! Cada um saberá o que é melhor para si. Não me interessa para nada que no meu trabalho se comente baixinho em cochichos pelos corredores, que uma das minhas colegas anda com outro colega nosso com metade da idade dela, não acredito que a idade para ele (e por agora) faça diferença no que quer que seja, por isso se eles não se preocupam porque raio cinquenta macacos à volta hão-de estar preocupados com isso? Ou que o Duarte seja amigo colorido da médica X e que combinem uns valentes pinanços em casa dela quando saem os dois de serviço. Se isso me incomoda? Nadinha... Amén! Que lhes faça muito bom proveito à barriga e ao peito, e a mais umas quantas partes. Mas pelo visto há quem se incomode e muito.

E depois há esta coisa muito pequenina e mázinha (tudo em inho sim) de acharmos que quando sabemos alguma coisa não visível, não exposta de alguém, que temos um trunfo, uma arma de arremesso para utilizarmos quando nos der mais jeito e de preferência quando essa pessoa estiver fragilizada. Quanto a mim não sou, nem nunca fui apologista que se deite pázadas de terra em quem está moribundo mas mal enterrado. Não é a vida dos outros que me aflige, é mesmo a minha e o que gostaria de fazer dela e nem sempre consigo. 

Mas há gentinha que não vive assim...

segunda-feira, 23 de março de 2015

Gozo-te [em mim]...




Desvia o mar a rota
do calor
e cede a areia ao peso
desta rocha

Que ao corpo grosso
do sol,
do meu corpo
abro-lhe baixo a fenda de uma porta

e logo o ventre se curva
e adormece

e logo as mãos se fecham
e encaminham

e logo a boca rasga
e entontece

nos meus flancos
a faca e a frescura
daquilo que se abre e desfalece
enquanto tece o espasmo o seu disfarce

e uso do gozo
a sua melhor parte 

Maria Teresa Horta - Gozo

Vieste sem esperar numa doce surpresa. Abri-te a porta para entrares. Recebi-te no meu corpo como se esta fosse a tua casa e o meu sexo a cama onde acordas e adormeces todos os dias. Estremeci de desejo muito antes da tua vinda e estremeci de prazer muito depois da tua chegada. Ficou o teu cheiro, o teu sémen e o som da tua vontade gritada, tudo gravado em mim. Cubro-me agora com a lembrança do teu abraço e desespero pela almofada que foi feita dos pêlos do teu peito e do bater do teu coração. Embalaste-me na nossa loucura. Agora muito depois, sem conseguir pensar em mais nada... oiço ainda as palavras  sussurradas que repetidamente me disseste. Uma e outra vez. Anda, vem-te para mim! Dá-mo! E finalmente percebi porque é tão bom voltar para os teus braços.

sexta-feira, 20 de março de 2015

A estrada à frente...




Os dias foram correndo, primeiro devagar, depois à velocidade da luz. Às semanas juntaram-se aos dias, e os dias transformaram-se em meses que afinal chamam-se anos. Uns quantos que passaram a correr. Tão bons que sorrio a pensar em cada um deles. Olho para trás e vejo desenhados a passe de magia um somatório de vida e de momentos que me fizeram muito feliz. Vivi a vida em círculos sem esperar chegar a lado nenhum entretida apenas com o  prazer da viagem. Gostava de ter forças para continuar o passeio mas sinceramente hoje apetece-me desistir. Faltam-me as forças e a coragem para prosseguir. Sinto-me cansada e mais ainda magoada. Continuo a acreditar que tudo na vida tem principio, meio, e fim, e que só vale a pena insistir quando o que nos faz feliz pesa mais na balança da vida do que "o que nos faz falta e nunca vamos ter". Não me apetece manter-me dentro de uma prisão nem aprisionar quem gosto sob o pretexto que isso talvez me fizesse feliz. Acabo de sentir que a felicidade se dilui nas minhas lágrimas e que tentar evitar com todas as minhas forças que ela me escorregue pelos dedos não é uma mais valia. Não é possível viver para sempre assim. Toda a gente sabe que não se segura a água do oceano e jamais se pede que nos amem.

Não serei ingénua ao ponto de não ter coragem para cessar a dor. Talvez tenha chegado a hora que tanto temi. Anda vida.. anda cá à minha beira e diz-me o que é melhor para mim

quarta-feira, 18 de março de 2015

Pedaços de um eu que sou eu...


Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.
Fernando Pessoa
Uma mulher que gosta de viagens sonha muito mais do que as outras. Voa mais alto e mais depressa mas também aterra mais vezes de beiças no chão. Catrafode-se nos sonhos, esfarrapa-se por eles, luta sem desistir e algumas vezes sem também conseguir. Mas está lá, continuadamente. Só compra uma máquina de café expresso depois de muita insistência e muitos comentários parvos dos amigos - mas nesta casa não há máquina de café - porque prefere usar o dinheiro da compra da máquina numa aventura ao pôr do sol na praia do Pego ou comer um bela mariscada numa esplanada em Porto Covo. Não lhe interessa as distancias, não liga a quilómetros, Madrid é já ali, num saltinho, Gibraltar faz-se em meia dúzia de horas de viagem, num abrir e fechar de olhos, Casablanca fica à distância de um dia e uma viagem de Ferry Boat, o tempo é relativo para ela, adora conduzir, nada a cansa e do longe rapidamente faz perto. Veste-se de acordo com a ocasião, quase sempre de ténis confortáveis e meias coloridas e junta-lhes umas calças de ganga ou uns calções, o único adereço imprescindível é uma mochila cheia de coisas que podem fazer-lhe falta, uma garrafa de água, toalhetes de higiene, uma peça de fruta, umas bolachas e obviamente a máquina fotográfica para reter cada dia. Guarda religiosamente recordações de cada local onde já foi feliz. Uma pedra trazida dos Picos da Europa, um aloha da noite temática da festa na discoteca nos Alpes Suíços, uma caixinha de bolachas comprada em Amesterdam e que já há muito perdeu as bolachas. Não tem medo de acampar, ou de ter que passar a noite dentro de um carro, já o fez mais do que uma vez, já viajou de comboio semanas a fio para atravessar a Europa sem ter direito a um duche e guarda consigo o bonito recorde de uma semana inteira sem tomar banho. Gosta de ir aos lugares que não constam dos roteiros turísticos nem dos flyers das agências de viagens, onde só se chega com um guia e quase sempre a pé por trilhos, ou veredas mal assinaladas. Não lhe importa a chuva, o frio, ou o sol quente, viaja porque gosta, porque cada local é único e vale a pena, porque viajar é conhecimento e descoberta e é sempre bom partir à descoberta. Gostava de ver tudo mas sabe que é impossível e nem duas vidas lhe chegavam. Sente todos os dias a falta de tempo. Gosta muito mais de partir do que de ficar, e quando chega, a primeira coisa com que volta a sonhar é em partir. Sabe o nome de todos os lugares maravilhosos onde quer ir, tem um mapa mundi onde coloca pins em todos os locais onde já esteve, faz listas de lugares que não vai desistir de conhecer. E no coração dela ela quer que "ele" a acompanhe, que tenha a coragem suficiente para lhe dar a mão e acompanhá-la sempre que ela fala da Tunísia e da estranheza das praias patrulhadas a cavalo, de Cartago debruçada sobre o azul do mar, ou sobre as Highlands nas terras altas da Escócia pintadas de verde e pedaços de chuva fria atravessadas por rios negros de basalto. Ela quer levar-te a todo o lado onde já foi e onde ainda sonha ir. Faz cenários, estórias de filmes, vai até fazer-te acreditar com muita força que passar a noite num saco cama, abraçados e a respirar para cima um do outro debaixo de um céu imensamente estrelado te faz sentir muito mais feliz que qualquer quarto de hotel de umas míseras cinco estrelas. Não desistas dela, ela vai saber ouvir-te e saber ajudar-te como todos se entreajudam num trekking numa tarde de fim de semana, leva a vida subindo cada obstáculo, de cada vez, um a um, e enfrenta os dias da mesma forma. Não faz grandes planos, não liga a coisas materiais, vive dos sonhos e alimenta-se do prazer que retira das pequenas coisas, do cheiro da terra molhada, dos pingos de chuva que se lhe agarram ao cabelo, dos salpicos da água salgada nos lábios junto à rebentação, dos diferentes sabores das comidas locais. Tão depressa calça as barbatanas e mergulha para ver a Barreira de Corais como aperfeiçoa o esqui e insiste arduamente com o corpo para um dia te poder acompanhar nas descidas alucinantes das pistas pretas. Quem sabe um dia... mas ela não é de desistir. E é uma mulher que adora viagens.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Breves momentos de uma viagem à Suiça..


Na esplanada ao fim do dia a relaxar.

Que vês da janela do teu apartamento AC? Isto.... por uma extensão de quilómetros infindáveis.

The best things in life, aren't things. 

Foi uma semana de pura loucura. Impossível de descrever porque o que vi e senti nunca serei capaz de transpor para a escrita por muito que tente. São demasiadas emoções, demasiada beleza e perfeição e tudo o que eu possa relatar ficará sempre aquém do que vivi. Recordo o silêncio da montanha, a paisagem branca pintada aqui e ali por árvores cada vez mais pequenas à medida que subimos em altitude, o vento que me gela a cara a mais dois mil metros, o ar puro a cheirar a pinheiros, a vista incrível do nosso apartamento na montanha, o ambiente giro de gente de diferentes nacionalidades. Gente divertida, descontraída, simpática que se esforça em ajudar e em ser entendida. Muitos Polacos, Alemães, Checos, Franceses, alguns Italianos (menos) e portugueses menos ainda (só nós), e as regras de conduta que nos movem na linguagem universal dos sorrisos e da boa disposição, a mão que se estende sempre que alguém cai e que te ajuda a levantar, o cruzar dos bastões em sinal de perigo sempre que há alguém no chão, o que aprendi e absorvi, o controlar da velocidade e do medo, o prazer do ski, o meu imenso esforço em atingir mais um objectivo na minha vida (e consegui), os nossos almoços nas esplanadas dos restaurantes das pistas, sol na cara, olhos fechados a saborear a vida, fins de tarde a contar peripécias e a ver os vídeos das quedas do dia acompanhadas de imperiais e diferentes gargalhadas misturadas em sintonia, noites na discoteca a dançar sem parar e a recordar a frase que me vem sempre à memória sempre que TU me acompanhas no meu ritmo non stop - levei 20 anos à espera de encontrar um homem que gostasse de dançar e o fizesse comigo - e depois da discoteca já meia alegre a provocar-te e a fazer-te rir e tu a alinhares divertido numa sucessão de disparates que ninguém entende mas que nós deciframos na perfeição, e depois ao deitar os beijos intermináveis das mil formas que fizemos possíveis, o sexo relaxante nos corpos doridos e cansados, o teu braço sempre esticado disponível para eu me aninhar no teu corpo que fiz meu, as frases sussurradas baixinho ao ouvido cheias de palavras doces e quentes, e aquele sorriso... o teu sorriso.

Guardo tudo isto comigo.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Dos sonhos [im]possíveis...




Matar o sonho é matarmo-nos. 
É mutilar a nossa alma. 
O sonho é o que temos de realmente nosso, 
de impenetravelmente 
e inexpugnavelmente nosso.

Fernando Pessoa

Vou ali viver um sonho, sonhado há muito tempo, trazido de outros carnavais ainda as pedras falavam e os rios corriam da foz para para as serras. Um daqueles sonhos impossíveis. Não desisti dele. Sei que sou maluca, doida varrida mas não consigo ser de outro modo. Luto pelo que quero muito, pelo que me faz feliz com unhas e dentes. O ano passado quando me despedi daquele mesmo lugar achei mesmo que seria para sempre. Mas o sempre é uma palavra lixada, revela-se de outro modo e nunca é "sempre" como imaginámos. Se me dissessem que este ano estaria novamente no mesmo local diria seguramente que era impossível. Mas há impossíveis e impossíveis segundo parece. Não carrego coisas, já desisti disso. Não trago grande coisa comigo, trago sonhos apenas. Uns por concretizar, arrumados nas gavetas dos melhores dias, parados nas prateleiras dos dias que virão e outros riscados a tinta azul céu na lista dos sonhos concretizados. 

Acabei de fazer um traço num sonho que desejei muito. 
Volto do sonho daqui a dez dias.
Vivam-se:))

segunda-feira, 2 de março de 2015

Realidade...




Chegar de umas mini férias de sonho carregada com a mala e muitas fotografias, pousar a máquina fotográfica, largar o amor que levei à tiracolo junto ao ombro e ao longo do coração e cair de chofre na realidade. Sangue, cheiro a corpos suados, o cheiro da pele suja, ou da urina ressequida na roupa vestida. Sofrimento, dor, perda, luta contra o tempo, solidão, doença e muito mais sofrimento ainda. Pensamos sempre que a capacidade do ser humano para sofrer é finita, desenganem-se. Eu sou das que acredito em heróis, acredito em super pessoas que são capazes de sobreviver ao que eu achei ser humanamente impossível. Depois há as palavras ditas vezes sem conta, repetidas até à exaustão, ensaiadas ao longo dos anos que parece que não servem para nada, não curam ninguém, mas fazem sempre bem. Isso vai passar, vais ficar bom vais ver, daqui a pouco já não dói nada, vai correr tudo bem, acredita em mim que eu sei. Nem sempre corre. Aliás, diz-me a experiência que quase sempre não corre. Mas minto bem. 

Em meia dúzia de dias já me tinha esquecido das minhas rotinas de trabalho, de olharem para mim a pedir ajuda, ou até uma cura, e eu apenas poder dar um sorriso, e esperança, e nada mais. Ou de tudo o que vejo para todos os lados que olhe, do que quase me cai no colo entre uma dentada numa sanduíche de fiambre de pão emborrachado e um chá bebido numa caneca amarela na sala de pausa entre um besouro sonoro e outro a cada entrada na sala de Trauma. Confesso que me esqueço rápido. Ou faço por esquecer. Ou então... sou mesmo boa a esquecer. 

Depois de um dia de loucos resta-me pensar positivo. Fechar os olhos e lembrar-me que só trabalho uma semana e que depois vou de novo de férias. Lá para perto das nuvens, lá muito alto, tão alto que o sol brilha mais, queima mais, mas também me aquece mais. Levo na bagagem muita roupa para o frio e o mesmo amor de sempre para me aquecer. Expectativas? Nem mais, nem menos. As mesmas de sempre. Aproveitar ao máximo e ser imensamente feliz, porque há coisas que não queremos que mudem.