segunda-feira, 29 de junho de 2015

Coisas do meu eu...






A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.
Sigmund Freud 
o senhor que disse algumas umas coisas muito acertadas



Saí de vela às 8 da manhã de Domingo, cansada qb, mas não demasiado cansada. Senti o fresco da manhã e o cheiro a vida para além do mundo hospitalar. Não havia doença. Havia uma luminosidade brutal, um céu azul lindíssimo, o verde da relva dos jardins sobressaia por todo o lado, aqui e ali salpicado pelo colorido das imensas flores. Tanta cor. No ar o cheiro intenso a terra molhada pelos aspersores de rega que cumpriam a sua função com dedicação, e o chilrear dos pássaros numa barulheira divertida ainda não abafado pelo ruído dos carros - e para meu espanto, tantos pássaros que àquela hora conversavam animadamente.

Parada no semáforo, janela aberta, senti o prazer da vida, o luxo de ter um dia pela frente totalmente meu, para eu gastar como eu quisesse e com total liberdade para fazer o que me apetecesse, e o quão sortuda sou. E percebi naquele mesmo instante que a felicidade é isto... Momentos como este.


domingo, 28 de junho de 2015

Nem tudo o que parece é...




Não acredito em nada perfeito, o mais perto que estive da perfeição foi na natureza e mesmo assim há coisas que podiam ser mudadas e que pelo facto de existirem me espantam. Acho até que a perfeição se é que existe é enfadonha, e inimiga do óptimo. No entanto todos a buscam. A qualquer preço, de qualquer forma. Vivemos num mundo de faz de conta. É mais importante parecer do que ser. Interessa parecer rico mesmo que não se tenha onde cair morto e as finanças já nos tenham penhorado tudo menos os elásticos das cuecas, interessa parecer culto e com um cargo importante mesmo que tenhamos feito a quarta classe para adultos à noite e mal, e depois agarrado com unhas e dentes um curso das Novas Oportunidades, ou tão somente fazer uma licenciatura ao Domingo e com equivalências a cadeiras que nem sabíamos que existiam. 

A vida tem destas coisas, destas singularidades que fazem alguém parecer o que não é, e ser aceite e desejado pelo que aparenta ser. Recebi na minha última noite uma paciente do sexo feminino, por um motivo que vou omitir voluntariamente precisamente para preservar o seu estatuto de vedeta, sobejamente conhecida do mundo da moda, linda de morrer (dizem... eu não acho), daquelas por quem os machos se babam na hora e que deixou os meus colegas de equipa de olho bem arregalado para depois abrirem a Caixa de Pandora e finalmente terem o privilégio de ver in loco o que estava por baixo do vestido justo. Tinha um corpo magro, de formas perfeitas, sensual, bonito à vista.

Quando começámos a despi-la fomos sendo presenteados com um intrincado mapa de cicatrizes dignas de uma sobrevivente à dura guerra do Ultramar. Acho até que há veteranos de guerra com menos marcas na pele. No tórax, marcas de dois furos, uma debaixo de cada axila com respectiva cicatriz para colocação de implantes mamários de volume muito acima do normal e desejável num corpo extremamente magro, demasiado até. Junto à auréola do mamilo duas cicatrizes bem visíveis consequência do ajuste e centragem do mamilo ao novo volume. Mais abaixo no abdómen junto à linha do púbis uma linha fina assinala o território de uma abdominoplastia e nas nádegas vários furos, buracos mesmo de drenagem linfática de gorduras, vulgarmente chamada lipoaspiração.

Por esta altura o meu colega Pedro já tinha dito baixinho e após constatar a sua extrema magreza onde se contava o numero de costelas, e o rebordo dos ilíacos ... porra isto não é uma mulher é um crucifixo! Ao que o meu colega Duarte tinha respondido - elas e a mania de serem uns cabides, uma mulher quer-se com curvas, com chicha para agarrar; e quase todos nós sorrimos com aquela afirmação que nos pareceu tonta. No pescoço, e na face junto à inserção do cabelo cicatrizes várias bem disfarçadas por maquilhagem e ocultas de plásticas para correcção da face, e no rebordo dos lábios marcas de picadas de agulhas, muitas, imensas, para introdução de botox, que dá às mulheres aquelas maravilhosas beiças de pato, e que para mim é mesmo é boca de peixe Charroco. Quem lhes disse que aquilo era bonito enganou-as. Aquilo é artificial, completamente ridículo e feio que dói.

Não sou moralista nem preconceituosa (ok se calhar um bocadinho) - tenho dias, acho que cada um faz com o corpo que por acaso é seu, aquilo que muito bem quiser, mas substituir pequenas imperfeições por outras imperfeições envoltas em dor e talhadas a bisturi e agulhas não me parece lógico. Sou uma mulher de carne e osso. Imperfeita, mas gosto muito de mim. Prefiro de longe a minha celulite no rabo a marcas de furos nas coxas, prefiro o meu peito pequeno a duas bolas de silicone separadas pelo infinito, firmes, hirtas e rijas ao tacto, prefiro a minha barriguinha que é minha a passar por uma anestesia e uma dolorosa cirurgia e uma cicatriz para sempre...

Mas não somos todos iguais...e a vida continua a ser feita de escolhas e de aparências.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Não bata no vidro...




Deixe o seu pedido de tratamento 
e aguarde a sua vez na sala de espera.

"Não bata no vidro"


Frases escritas em letras garrafais num guichet de atendimento de uma Sala de Tratamentos de um Centro de Saúde.

Oiço um estrondo brutal acompanhado de duas murraças bem assentes no dito vidro, quase que dou um salto e espeto a agulha do injectável que estava a administrar na coxa do doente em vez de no quadrante superior externo do grande nadegueiro. Interrompo o que estava a fazer, deixo o doente de rabo para o ar e cu ao léu e venho de lá de seringa na mão, agulha em riste capaz de enfiar a agulha por um olho adentro do animal que fez semelhante coisa.

Deparo-me com uma mulher dos seus quarenta e poucos anos de braço no ar, a preparar-se para dar nova murraça no tal vidro de atendimento.

- Desculpe lá, a senhora não sabe ler?
ela com cara de parva a olhar para mim...
-Leia lá o que está aí escrito... e aponto para o vidro.
Ela lê ;  Deixe o seu pedido de tratamento e aguarde a sua vez na sala de espera.
E continuo...E depois? O resto...Leia tudo.
Ela a olhar para as letras gigantes e a ler... Depois... Bata no vidro.

 Tive para lhe dizer, diz aí bata no vidro mas com a cabeça


E assim vai a compreensão da malta. Lê mal, só entende metade, ignora a outra metade e no final ainda cheia de razão, ateima. Dão agora um nome giro a isto - Iliteracia, eu chamo-lhe mesmo burrice.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Conversas parvas no trabalho...





Na sala de tratamentos

- Baixe as calças se faz favor.
- É para apanhar no cu?
- Não; é mesmo para  fazer um injectável no rabo. 
hoje não trouxe o Dildo

Conversa entre duas doentes no corredor

-Isto aqui (a urgência) é tal e qual como a Anatomia de Grey, eles algures por aí devem ter também um quartinho onde se comem uns aos outros. Quando é de noite, deve ser giro deve.
Resposta de um colega meu que ia a passar
-Se existe, eu em tantos anos que aqui trabalho ainda não vi nada, mas se o descobrir avise-me que eu também gostava de comer alguma coisa.

Uma colega para um médico

- O Dr. Alberto é muito bom ortopedista porque não vai ter com ele para lhe pedir uma opinião?
- Ele é mesmo bom ortopedista?
- É pois... A alcunha dele é o cavalaroco, era ortopedista na tropa. De cavalos.
- Ahhhh ok, e eu sou uma cavalgadura!

Na triagem uma colega para um doente que refere dores abdominais.

-O senhor é obstipado?
-Não, não estou constipado. Eu nunca me constipo menina.

domingo, 21 de junho de 2015

Kind of Magic...



Não aceito menos que magia pura. 
Borboletas no estômago, estrelas no meu céu, purpurinas de mil cores na minha via láctea e um mar azul no meu horizonte. 
E ou é, ou não é.
Por isso fascinam-me os piratas.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Sol da meia noite...





E planos para este fim de semana?
Prevenção aguda do melanoma. 
Sexta feira faço Manhã/Tarde, Sábado Manhã /Tarde, Domingo Manhã/Tarde, por isso sol nem vê-lo. 

E quando se está contente tanto faz o quente, tanto faz o frio... Tanto faz!..

As noites vão ser quentes.
E por aqui já só se pensa em férias...

terça-feira, 16 de junho de 2015

Sem nada dizer...





Ontem deste a volta à vida. Trepaste pela corda bamba dependurada num penhasco até ao cume da adversidade. Foste o meu herói. Sem mostrar medo, com firmeza de braços e sobretudo de atitude. Não precisei de perguntar ainda gostas de mim, ou o que eras capaz de fazer para me segurar, porque ao que não perguntei tu soubeste responder. E sempre ao que eu calo tu respondes, e ao que eu pergunto quase sempre calas, estranho esta forma de responder, mas comecei a perceber. Percebi na vontade a resposta. Sem evasivas, sem demora. Largar tudo e simplesmente chegar. Lutares para estares onde eras preciso. Nas relações o que importa são as atitudes, o que na verdade somos capazes de fazer, de abdicar, de trepar. As montanhas que somos capazes de escalar, talvez até mover. Já as palavras podem repetir-se dias a fio, às vezes sem ganharem significado nenhum. Ó Amor é só mesmo um lugar comum, como Ó Manel dos Anzóis, ou Ó Zeca das Pipocas e o amo-te pode ser tudo como pode ser apenas a palavra dita que acham que queremos ouvir. Não ouvi amo-te, recebi simplesmente uma enorme demonstração de amor. Sem palavras.

Dos blogues por onde passo e que gosto mesmo muito...




Kamikaze


O problema, como lhes costumo dizer, é deles, não meu.
Não tenho compromissos, sou livre como uma borboletinha.
Não traio ninguém.
Três homens casados, mas muito diferentes.

Conheço o Alexandre há dez anos, encontramo-nos em quartos de hotel quando nos apetece. 
Os nossos corpos conhecem-se de outras vidas, encaixamos perfeitamente, tocamo-nos como bichos,
sem filtros, sem inibições. 
Ele sabe o que me dá prazer. Sei o que lhe dá prazer. 
Gosta, por exemplo, que lhe lamba os testículos.
Nunca me fala da mulher ou dos filhos. 
A última vez que estivemos juntos explicou-me o que era uma didascália e, depois de me beijar as mamas,
disse que eu era uma mulher-kamikaze. 
É o amante perfeito. 
Não trocamos mensagens, não falamos ao telefone, não nos encontramos para almoçar.
O segundo amante, recente, novato, é muito diferente.
Encontrei-o por acaso na fila do pão. Bonito e escultural, mas um pouco parvo. 
Empolga-se, 
diz que os meus olhos castanhos são lindos e que a minha boca tem a cor das framboesas maduras. 
Que tédio, que miserável tédio! Chama-se Miguel e acho que o vou deixar. 
Fala-me de amor, um amor aborrecido e previsível, mas depois, pobre coitado, 
partilha comigo histórias sobre a mulher e as duas filhas. 
Na semana passada, 
depois de me oferecer um livrinho de merda que naturalmente não lerei, 
disse que a mulher, empregada bancária, é a rocha que sustenta a sua vida. 
Não vou para a cama com um homem para o ouvir falar da sua mulher.
O terceiro homem casado com quem me deito é o homem que amo.
Um homem inteligente, bonito, o mais bonito do mundo, não há homem igual,
mas pelo qual não tenho qualquer tipo de entusiasmo sexual.
Deito-me com esse homem quando ele quer, sou dissimulada, detestável,
finjo orgasmos, simplesmente porque preciso de senti-lo perto de mim.

Ana de Amsterdam - 3/06/2015
Bloguer, um livro publicado.

Texto publicado com a devida autorização da autora.
Obrigada Ana:))

domingo, 14 de junho de 2015

Momento de decoração do meu dia...trá lá lá







Gosto de cor. 
Gosto da simplicidade do campo. 
Gosto acima de tudo do espaço que é a minha casa.

Fogueira sem vaidades...



Junte-se um grupo de amigos, sempre mais de vinte, arranje-se vontade suficiente para fazer algo diferente para comemorar o dia de Sto António, sem confusão, atropelos, povo e gente e lugares comuns. E o resultado deu nisto, Enseada do Guincho Velho, (lindo!) uma noite sem vento, uma fogueira, chouriço assado, morcela assada, sangria, ginja, uma caixa de cerejas, boa música, gente cheia de boa disposição e carregada de sonhos e muitas gargalhadas.

E para o ano está combinado repetir...

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Protector solar factor 100...


100 quilos!

Há dias. De saudades...






Há dias em que as saudades se desarrumam sozinhas. Como se ganhassem vida própria e quisessem ir ter contigo não me pedindo sequer autorização. Dias em que as saudades me calam a mim e falam directamente contigo. Há dias em que as saudades entram em alvoroço. Travam batalhas entre a sanidade, revolvem as horas dos dias e entram pelas horas da noite. Abrem a porta e deixam-te ficar. Há dias em que as saudades te convidam a entrar. Servem-te um café e fazem-te sentar ao meu lado. Oferecem-te protecção do frio lá fora e convidam-te a passar a noite.


Há dias. De saudades.
Entra. A porta está aberta.

Gosto de ti, e então? - Rita Leston -



De ti guardo tudo. As palavras, o cheiro da tua pele, os abraços gigantes, a voz quente, cada palavra dita, os olhares trocados, cúmplices, os teus olhos nos meus sem falarmos, os beijos, a forma única de estares e me amares, as longas sms durante o dia, as conversas ao telemóvel em que eu falo e falo e não me calo, e tu ouves, esse sorriso, as tuas gargalhadas quando te desmanchas a rir... e mais e mais, porque há muito mais. Mais saudades. Mais do mesmo.
Já falta pouco, está quase.... falta o quase.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Daquelas rubricas à blogger vip que qualquer blogger que se preze tem.






Ontem deu-me para isto...


Sair do trabalho às 22h, calçar as botas que me são inseparáveis, agarrar numa lanterna e ir até à praia à noite caminhar durante largas horas. Fazer uma boa mão cheia de quilómetros, ver chegar os pescadores da faina com as redes cheias de peixe, sentar-me no areal para assistir a todo o processo, desde a recolha das redes, à selecção e separação do peixe por tamanhos e espécies, olhar depois para o relógio e aperceber-me finalmente das horas e partir. Já no regresso seguir a placa azul que indica A2 Sul sem pensar em mais nada, e dar comigo a caminho do Sul, mais a Sul ainda, para depois ter que regressar. E hoje morta para a vida, morta de cansaço, e em versão Walking Dead às 6 e 30 da manhã ter que acordar. 

Quem corre por gosto não cansa e primeiro vive-se, depois dorme-se porque quando morrer vou ter uma eternidade para dormir e toda a gente sabe isso. Se poderia ter sido de outra forma? Claro que poderia. Se sei que quando não descanso o corpinho paga a factura e fica com algumas mazelas? Ah, pois sei. Mas gosto mesmo muito de me sentir viva e out da rotina, e por isso mente sã corpinho com "dó-dói".

Que fazes agora AC?


Dou uns toques na profissão de sapateiro. E safo-me razoavelmente, tirando a parte de já me ter picado meia dúzia de vezes e ter um dedo a pingar sangue aqui o sapato hospitalar da menina vai deixar de estar descosido. À minha volta vários sapateiros frustrados dão convictas sugestões, encaminham-me na luz do oficio caso eu me sinta perdida. Verdadeiros treinadores de bancada já que nenhum se chega à frente e diz: Dá cá isso que eu faço! E no final, comprovo aquilo que já sabia, a linha de sutura em nylon é altamente resistente e uma fonte infindável de utilizações. Ámen.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

O trilho da coragem...



Uma excelente companhia nestes dias mais sozinha. Um relato de uma lutadora, na primeira pessoa. Pessoas com defeitos, com uma vida de erros mas que aprendem a superar-se e a lutar por si próprias. E como eu gosto disso.

Sinopse
Aos 26 anos, Cheryl Strayed tinha perdido tudo - o casamento, a família, a estabilidade profissional -, e a sua existência aproximava-se perigosamente do ponto de não-retorno. Sem nada a perder, Cheryl decidiu embrenhar-se sozinha na natureza selvagem, percorrendo a pé, durante três meses, mil e setecentos quilómetros do Pacific Crest Trail, desde o deserto de Mojave, ao longo da Califórnia e do Oregon, até ao estado de Washington. Numa fusão única entre livro de memórias e narrativa de aventuras, esta obra inspiradora é um testemunho vivo da capacidade do espírito humano para superar as crises mais agudas e reinventar um sentido para a vida.

terça-feira, 9 de junho de 2015

O meu vento norte ameaça tempestade... Eu sinto.


Hoje o meu mar é de espuma branca, ventos de norte, ondulação forte e revolto. Não há leme que controle hoje o meu mar, nem skipper experiente que consiga navegar nestas águas. Sinto-me cansada desta semana que começou há muito pouco - no domingo passado com 12 horas de trabalho e que se repete dia a dia de forma igual com 12 horas de trabalho, repetidamente, exaustivamente, sadicamente até domingo que vem. E até perfazer 84 h de trabalho sem folgas, sem feriados, sem direito a praia, calor, ou gozar o bom tempo. E eu experiente nestas andanças agarro-me ao que posso, e aprecio os salpicos de vida como a vida me deixa, e sonho já com as férias que vão chegar e com os dias de navegação tranquila ao longo da costa, sem sobressaltos e com direito a pausas e a mar flat e mergulhos em águas cristalinas de tranquilidade, mas hoje não há mar desta vida que me salve do revolto da revolta.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Ausência...



Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda que a tua

Sophia de Mello Breyner Andresen  em Mar Novo


Diz que só se sente saudade do que nos faz falta, sempre duvidei disso. Até hoje.

sábado, 6 de junho de 2015

Conselho do dia...



Não se abespinhem tanto com coisas picuinhas, pequeninas e que não valem um caracol. Não se degladiem por assuntos sem importância e sobretudo não valorizem o que não é valorizável. Consomem-se, ficam feias, cheias de rugas e de cabelos brancos e com umas ventas como se fossem a parte da frente de um desastre ou o comboio de Chelas de marcha atrás e depois o dia passa (mais um na vossa vida) e vocês com essa cara de mete medo ao susto em que todos lhe devem e ninguém lhe paga. Já dizia a outra senhora muito importante; nenhuma mulher fica impecavelmente vestida sem um sorriso.

É fim de semana, está sol, a vida espera-nos.

A vida é bela, nós é que damos cabo dela...

Intensamente nas nuvens...




"Amar é instinto, 
é ser bicho e perder os códigos, 
é despir-se de tudo para sentir na pele inteira a alma de quem se quer."


#MariaCapaz.



Chegas de mansinho ao pé de mim. Digo-te já que te quero. E como intensamente te quero. Sem conversa fiada. Directa ao assunto. Sem rodeios. Atiças-me o desejo, preenches-me na integra, arrebatas-me a mente. Estremeço sempre que penso nas tuas mãos, deixo que um arrepio intenso me magnetize o corpo, e que aquele formigueiro único me invada sem pudor e tome conta do que sou. Sonho com a hora em que entrelaço os meus braços no teu pescoço, procuro a tua boca, e devoro-a sem delicadeza ou licença para entrar. Beijo-te sempre despudoradamente como só eu sei. Com as mãos percorro o teu corpo e deixo que te exponham a vontade, dispam a roupa e excitem cada pedaço de pele. Sinto-te a tremer e não é de frio. Sinto a tua vontade para mim.

Mandei alinhar os planetas, abrir um espaço na linha do tempo, parar a cronologia dos minutos, por isso durante o nosso tempo, concentra-te, inventa-te para mim, liberta-te de amarras, esquece a sociedade e a organização mundial. Não há mundo. Não há mais nada. Nesta batalha não há vencedores. Esforça-te! Aqui é o único sitio onde te exijo tudo, dá-me o teu melhor sem restrições ou barreiras.

Quero raptar-te, usar-te, esgotar-te as forças, o medo e o corpo. Exaurir-te o desejo e abusar de ti uma e outra vez, sem tréguas, sem qualquer noção de tempo e do teu ou do meu cansaço. És meu sem limites. Sabes que a minha vontade não se esgota, sabes o que te espera. Não resistas, acompanha-me, segue os meus movimentos, persegue a minha fúria, será mais intenso, mais marcante e maravilhosamente pior. Não desistas ainda, ouve o que te digo...
  
Deixa o bom senso em casa, a delicadeza agarrada à camisa, despe a roupa de bem comportado, pinta a manta, porta-te mal, faz o que não deves, fala o que costumas guardar, arrisca, surpreende, deixa-me sem ar, tira-me o fôlego, tira-me do sério, estica-te, vira-me do avesso, deixa-me sem norte, pisa o risco, pula a cerca, ultrapassa a linha. Quero-te sem limites.

A ti, tão INtensamente. Nas nuvens. Se soubesses como me deixas nas nuvens.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Chique a valer...



«... criado de quarto, governanta inglesa para a filhita, femme de chambre
mais de vinte malas... Chique a valer!» 
Dâmaso Salcede personagem nos Maias de Eça de Queirós


Gente que vai para a praia carregada de tralha e que se apresenta no areal - literalmente abanca - como se fosse montar uma banca para vender na feira. Nem precisam de megafone porque barulho já eles fazem que chegue. Ele é chapéus de sol (sempre mais que um), paravento, cadeiras, geleiras com muitaaaaa comida, bidão de agua, (isso mesmo) como se fossem atravessar o deserto do Mojave ou o Sahara e na praia não houvesse esplanada ou algures um café, e bola, raquetes, bóias, barcos insufláveis, baldes e pás e forminhas, cestas com toalhas e uma muda de roupa e um casaquinho de malha para o frio, e um chapelinho para o sol, só falta mesmo as botas de neve para se por acaso nevar, que isto da malta profissional da praia quer-se sempre prevenida, e mais as almofadas de encher, um colchão para dormir a sesta, uma tenda para as crianças, jornais, livros, revistas de caras, às vezes ainda um radio, ou o tacho do belo cozido à portuguesa... socorro. 

Vão-se mudar ou vão passar apenas umas horas na praia? 
A mim parece-me que fugiram de casa.
À pressa.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Disto das alcunhas... Mon et son petit nom.



Doutor X - Venha cá minha princesa do pé grande.
Eu - Diga Doutor X, meu príncipe da cabeça alva.


uma  sala cheia de gente , tudo a rir, e o termo cabeça alva referia-se mesmo à careca do senhor, mas presta-se a metáforas
... 
e assim nos tratamos

terça-feira, 2 de junho de 2015

Disto e daquilo...


Ainda a semana vai no início e já o corpo pede descanso e maus tratos dos bons. E falta tanto para mim, para ti, e para nós. Faz-me mal o descanso e fins de semana de belas praias secretas, e trilhos na terra do nunca, e amigos, e petiscos e muito boa companhia. A minha vida é muito mais isto e um imenso disto, e muito menos daquilo que é mesmo bom. O corpo fica baralhado, cheio de manias, pensa que a minha vida não é isto e depois só quer habituar-se àquilo, o tal que é mesmo bom. Chatice!