quarta-feira, 27 de julho de 2016

Lugares comuns, estereótipos, preconceitos e merdas assim...




Regressei de férias já tarde, pela fresquinha e depois de aproveitar o dia até ao outro dia, tudinho até ao ultimo segundo, ultima nesga de sol, a última onda, o restinho de cada segundo de férias que estavam a terminar. Cheguei a Lisboa já passava das 3 da manhã. Moro numa praceta cheia de pópozinhos que só saem ao fim de semana, nos dias de eleições, ou quando o rei faz anos, por isso depois de dar duas voltas fui estacionar o bólide no cu de judas, 3 dias atrás do sol posto e uma semana a escorregar por uma tábua abaixo e depois da difícil tarefa de encontrar um lugar onde coubesse o empecilho comecei a descarregar as cenas. E é pá, cenas é que não me faltavam.

Quando olho para trás, vejo atrás de mim dois negros de boné de pála e cheios de tatuagens - eu a somar preconceitos desde mil novecentos e troca o passo; pensei de imediato - Já foste. Vais ser assaltada. Mentalmente e num segundo revi tudo o que tinha e que podia ser roubado, relógio, telemóveis, 15 euros em dinheiro, cartões, máquina fotográfica, o carro. Siga. Venha o que tiver que ser. Aproximaram-se e educadamente disseram: Está tão carregada de coisas deixe-nos ajudá-la a levar as coisas até ao seu prédio. E toca de começarem a pegar em malas e sacos e saquinhos. E eu, meia aparvalhada... não é preciso, eu vou levando tudo com calma. Tenho tempo. Deixem estar. Ao que responderam: fomos ensinados a ajudar, e mais ainda uma senhora... e não temos nada para fazer, íamos mesmo para casa. 

Fui falando com eles pelo caminho até à porta do prédio, perguntei - mas moram aqui, aonde, já é tão tarde, então vêm de onde? - tretas para tentar perceber onde moravam, de onde vinham e etc como se essa merda fosse importante depois de ser assaltadaQuando já estávamos na entrada insistiram em subir o lance de degraus até à entrada do elevador com os meus tarecos às costas, e aí voltei a pensar... é agora que vais ser assaltada, e se for só isso é uma sorte. Agarrei na chave de casa (pontiaguda e comprida) pronta a utilizá-la como arma, e no ferro do chapéu de sol com a ponta prontinha a acertar-lhes num olho - como se isso fosse o suficiente para derrubar dois grandalhões. Morria, mas morria a dar luta, é o que faço sempre mesmo que morra na praia. E nunca mas nunca, mostro medo.

Não houve assalto. Despediram-se com um "boa noite dama", eu agradeci e eles repetiram mais uma vez que seriam incapazes de me ver a carregar tudo àquela hora, sozinha, e passarem e não ajudarem - que não eram assim e que essa não era mesmo a onda deles. 

Desta história fica mesmo o meu medo associado a um preconceito, e uma grande lição. Mais uma, daquelas que a vida não para de me ensinar. 

Há dois tipos de pessoas: aquelas que dividem as pessoas em dois tipos e aquelas que não dividem.  Arthur Bloch

16 comentários:

  1. É...
    ...às vezes as iludências aparudem...

    :)

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    1. C. N. Gil: Foram super educados e muito simpáticos.Eu guardei o preconceito e meti a viola no saco.Ora toma!

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  2. Espero que tenhas agradecido 😊
    Preconceito, todos vivme dele.
    Dizemos todos ser liberais , mas na hora da verdade todos revelam o seu verdadeiro interior.

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    1. Paulo César Siga: Pensei mesmo que ia ser assaltada. Afinal eles só queriam mesmo ajudar e foi apenas essa a abordagem.

      Não fiz por mal, foi instintivo e nunca demonstrei medo.

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  3. Pensava que tinhas decidido não voltar de férias :P

    Estás a ver dama! Os moços foram uns fofos :P

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    1. PM: Leste-me os pensamentos. Por acaso estive mesmo para não voltar... mas depois, e há sempre um depois, a razão disse-me para voltar.

      Beijinho PM

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  4. Imagino que saibas a sorte que tiveste...
    Brancos, pretos, amarelos ou azuis, o que fizeste foi uma total incosciência... Cuidado com essas coisas porque, em regra, não acabam bem.
    E podia dissertar durante tanto tempo sobre este tema. Mas não te vou aborrecer.
    Só dar um "daqueles" beijos ;)

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    1. Son da Mamã: Que é feito de ti? Pensei que tinhas morrido/ desaparecido daqui da blogo coisa. Nunca mais te "vi" vê lá se dizes coisas.

      Tive sorte. Aliás eu achei mesmo que ia ser assaltada. Enquadravam-se no perfil. Mas afinal não fui. E a vida segundo dizem é feita de sorte e de azares. Tive sorte.

      Beijinhoooooo.

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  5. Eu gosto deste tipo de lições.
    Confesso que no teu lugar teria pensado exactamente o mesmo. E o mais provavel era ter desatado a correr para dentro do carro, sem descarregar nada, e trancar-me la dentro ate os perder de vista :$

    Beijinho *

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    1. Lia: Tive medo mas guardei-o para mim. Agi normalmente e esperei pelo desenrolar dos acontecimentos com toda a calma do mundo. Às vezes é mesmo o melhor a fazer.

      Beijinho*

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  6. Tu tiveste sorte! E não tem que ver com a cor da pele... bons e maus há de todas as cores!

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    1. Gata: Tive mesmo muita sorte, julgas que não sei disso? Daí a minha surpresa...

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  7. nao ha como ter conceitos formados sobre pessoas desconhecidas ,apenas pré conceitos .
    nao és culpa tua se tens uma má imagem dos pretos ,é dos proprios enquanto raça .

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Diz aí nada ou coisa nenhuma.