Não são pães, são rosas Senhor. Assim reza a lenda da Rainha Santa Isabel quando visitava os pobres à revelia do rei e lhes levava pão ao que consta no regaço. Não sei se a história se passaria mesmo assim mas a lenda ficou para a contarmos. Vem isto a propósito que cada um inventa as desculpas que quer. Ou melhor, que pode e a imaginação deixa.
Andamos com muita falta de pessoal lá no estaminé, muita gente tem saído para o estrangeiro com contratos sorridentes em Moçambique, Emiratos Árabes, Reino Unido, França e Arábia Saudita. Esta semana mais uma colega vai para Inglaterra e mesmo depois de 7 pessoas terem saído durante este último ano, por normas superiores e certamente que divinas não tem sido possível contratar ninguém. Os Deuses não deixam. E sim, os Deuses devem estar loucos. Ou então acreditam que se fazem omeletes sem ovos.
As equipas andam desfalcadas, nos mínimos dos mínimos. Os profissionais de saúde arrasados e quase todos com imensas horas positivas em bolsa ( horas que não são pagas ) aguardam apenas disponibilidade do serviço para serem gozadas. Já se fecharam salas da Unidade por falta de pessoal, já temos uma escala adicional à escala do mês, de seguimentos de turnos porque faltava pessoal na passagem de turno para a rendição e não havia ninguém disponível para seguir ( até os profissionais de saúde têm vida própria certo?) e agora por ultimo estamos em casa, no cinema, na praia, de calças para baixo, a pinar e o raio e a porra do telemóvel não pára de tocar e de incomodar cada um a qualquer hora e com a mesma pergunta de sempre. Podes fazer a manhã amanhã? Ou outra igualmente fixe... Podes fazer a noite de hoje? Já não há pachorra, nem cu que aguente. Queremos paz e sossego quando não estamos a trabalhar.
Como o cenário é este, recorrentemente...
Passámos a ouvir as desculpas mais divertidas e imaginativas que o ser humano é capaz de criar.
Enfª Chefe - Liguei-te ontem à noite. Não atendeste. Eu disse que tinham que estar contactáveis.
LSD - Não devo ter ouvido o telemóvel. Ando muito cansada, fico surda.
ahhhhhh... risos.
Enfª Chefe - Liguei-te eram 22h. Precisava que viesses fazer noite. Não atendeste. Não gostei nada.
Duarte - Deite-me cedo. Quando adormeço já não oiço nada.
Enfª Chefe - Mas eram só 22 horas.
Duarte - Foi o que eu disse. Deitei-me cedo.
ahhhhhh.... risos.
Enfª Chefe - Liguei-te ontem para ver se podias vir fazer a manhã. Desligaste a chamada, percebeu-se.
Pedrinho - Eu ???? Nada disso... o meu telemóvel tem é uma tecla estragada. Quando atendo desliga-se e já não liga.
ahhhhhh.... risos.
Enfª Chefe - Liguei-te 3 vezes. A chamada foi sempre para o voice mail, deixei mensagem. Sempre que assim for, tens que me contactar.
Picolé - Eu????? Olha essa! Nem tinha o telemóvel comigo. Esqueci-me dele no cacifo dentro do bolso da farda.
ahhhhhh... risos.
Enfª Chefe - Liguei-te toda a tarde ontem. Pelo menos umas 5 vezes. O telemóvel toca, toca, e ninguém atende.
Judy - O meu telemóvel parece que toca, toca, mas não toca nada. É impressão. Até eu fico na dúvida.
ahhhhh... risos. (minha preferida)
E assim vai o relacionamento entre telemóveis, pessoas, e o meu serviço. Quem disse que a tecnologia acrescentava tempo e liberdade enganou-se e enganou-nos, estamos quase a ser escravizados pela tecnologia. E qualquer dia com o gps e a localização móvel activa, a "Chefe" passa pelo local onde estamos a curtir a natureza, a vida, e com as ditas calças na mão e leva-nos por um braço à força e a espernear para irmos trabalhar.
Bem vindos ao admirável mundo novo.
I want some of these.
ResponderEliminarI'd wear 'em, I swear.
Rick Forrestal: A new kind of cell phone.. ahhhhhhh... a big one
EliminarRevejo-me tanto, mas tanto nisso tudo...Às vezes parece que trabalho sozinho, clientes ligam-me a que horas forem (lá na terra deles é horário de trabalho) e se houver stress lá vou eu de abalada resolver, seja noite ou dia, semana ou fim-de-semana...E quando uma pessoa fala em férias? É sempre uma merda, é sempre má altura, fica tudo com uma azia tremenda porque uma pessoa tem o desplante de dizer que quer ir a Portugal ver a família, olha que atrevimento eu querer ver a minha família!
ResponderEliminarEnfim, um dia destes apareço aí por essas bandas :*
PM: Não somos senhores do nossos tempo, somos escravos de uma profissão, de um patrão... e depois ainda nos ameaçam com um sorriso nos olhos... tens muita sorte em ter trabalho, agradece todos os dias há quem queira trabalhar e não tenha.
EliminarFérias? Está no tempo delas. Eu vou no final da semana, férias de praia e de descanso... finalmente.
Está na hora de considerares também mudar-te para Inglaterra :P
ResponderEliminarJedi Master Atomic: Adoro o meu país, adoro o sol e a praia, adoro um povo rabugento mas simpático e acolhedor. A minha maior amiga a Rita está em Inglaterra, Manchester e conta coisas de elitismo e racismo e manias no capacete de arrepiar... não quero viver num sitio assim recuso-me. (felizmente posso escolher)
EliminarTenho que estar num local onde me sinta bem , ganho muito menos é um facto mas compenso em sol, esplanadas, imperiais, praia, caracóis e sandes de couratos pá.
ahahahah também já dei umas desculpas dessas!!!!
ResponderEliminarSuperSónica: Eu nem atendo. nem me dou ao trabalho. respondo sempre que estava a dormir e não ouvi tocar....seja de noite ou de dia. Muito durmo eu... ahhhh
EliminarBem escrito; bem contado; boa crónica; deves ter feito uma boa jornada; escrever é fácil mas é para quem lê não para quem escreve; claro que o prazer de escrever ajuda nas dificuldades; nos teus escritos vê-se que tiras prazer da escrita; devias ser beijada por todos os teus leitores:)
ResponderEliminarabraços do
Joaquim
Joaquim: Adoro escrever, adoro contar histórias, não quer dizer que s escreva sempre bem ou que tenha sempre coisas giras e interessantes para contar mas faço o que gosto.
Eliminar(vou de férias)
Beijinho