Pelas palavras converso, desconverso, amo, vivo o sexo, zango-me, brinco, conto histórias. Gosto da magia das palavras, do acto de dizer, o que expõe e dá a conhecer. De palavras que abrem a porta ao interior do meu eu, ou das que estão lá mas precisam ser lidas nas entrelinhas e escondem o que não digo. Nunca deixo nada por dizer. É uma característica muito minha. Seja para o melhor ou para o pior, não guardo um verdadeiro e sentido "fizeste-me tão feliz" ou um doloroso "magoaste-me com esse silêncio" Nas palavras encontro a forma correcta para amar e para magoar. Com elas atiro setas e disparo balas, ou aproximo, aconchego, sussurro e sopro segredos inconfessáveis e muito meus. Quando quero. Quando sinto que posso confiar o que é muito raro. Não sou uma mãos largas de palavras. Com o blá, blá, blá das palavras falo com as amigas, conto peripécias, desvendo a alma em partilha. E tão bem que sei como sabem bem as conversas sobre nada ou tudo com amigas.
Zango-me e perco-me outra vez nas palavras. Digo o que queria e o que não queria, tanto do que sinto e o que não sinto, magoo, e quase no final, quase sempre perco a razão. No arremesso de pedras sinto que ganhei, no arremesso de palavras é óbvio que fico a perder. Falo depressa, sem pausas, num impulso, peito às balas, sem medo de nada. Rio-me de mim própria, de tantas palavras mal usadas, de frases inteiras de disparates ditos de rajada. Rio de mim, do meu ar perdido num turbilhão de coisas que por muito que me esforce não consigo entender. Palavras que perderam pelo caminho o significado, todo e qualquer sentido, vazias, e são apenas e só palavras. Faltam-me as palavras. Não consigo dizer o que queria. Falo chinês, turco, só pode.
Palavras leva-as o vento, digo-as todas de uma vez, esgoto-me entre a importância que lhes dou, e o sentido que ninguém lhes dá. Não me faço entender.
Sim, as palavras, quer queiramos quer não, ocupam mesmo o nosso lugar e falam em nosso nome.
ResponderEliminarBom dia, AC
Impontual: Bom dia...(4 dias depois de aqui teres passado). Somos o que dizemos. Somos as nossas palavras, mesmo as que nos saem sem as queremos de facto dizer.
EliminarObrigada pela visita:))
Acho que falamos demais. Ninguém entende. Fiquei calada. Mas também não fui entendida...
ResponderEliminarMafy Oliveira: Falamos na medida certa... às vezes até muito menos do que deveríamos, calamos demasiadas coisas, e adiamos o que há muito deveria ter sido dito... e depois dizemos o que queremos e o que não queremos e já ninguém nos entende. Ser mulher é também um pouco disto.
EliminarPor vezes são tantas as palavras que quero dizer que acabo por ficar mudo, calado...é estranho e, quiçá, um bocado estúpido mas são coisas que me acontecem. Se calhar devia falar mais, falta-me saber aproveitar ou criar os timmings certos.
ResponderEliminarBeijos
PM: Digo o que sinto sempre...Há muito que deixei de guardar sentimentos, nem os bons, nem os maus. Preciso ser EU para ser feliz e não adianta camuflar o meu eu, é preciso que me vejam como sou. Já fiz isso e a vida ensinou-me que não vale a pena.
EliminarBeijinhoooo
acontece-me muitas vezes... na minha cabeça, faço discursos completos e depois quando vou para falar já o timing passou e a força da palavra perdeu-se... quando digo ... temos de falar, tinha de ser ali, na hora. Nao passado horas ou dias... porque depois me acham louca, que falo chines, ou tiroles, ou nada... que ponho macacos na minha cabeça... enfim sou criticada... e as palavras fortes ficam ali na linha de partida... e se correm perdem a força inicial. Entendes-me tu pelo menos?
ResponderEliminarOutra Maria: Entendo-te... eu sou mais de explodir na hora, de dizer tudo o que o coração me manda dizer e depois ter que viver com isso.
EliminarGostei de te ver por cá. :))
Beijinhooo