segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Quem tem cu tem medo...





Do one thing everyday that scares you
Eleanor Roosevelt


Eu tenho medos. Tenho muitos até. Tenho medo da doença - talvez o meu maior medo, tenho medo de perder, até porque sei bem o que é perder e sei bem o quanto dói no corpo a falta que alguém nos faz, e tenho medo do sofrimento em si... de todas as formas de sofrimento.

Dos medos em geral, combato-os de forma a que não me sufoquem, luto contra eles com todas as minhas forças e não deixo nunca que me atrapalhem a vida. Mas todos os dias somos postos à prova, todos nós, e de muitas formas diferentes. Lembro-me que quando tirei o curso de enfermagem e ainda era muito novinha sempre que tinha que acompanhar um doente para outro hospital ou apenas até ao bloco operatório começava com as palmas das mãos a suar, os joelhos a fraquejar e recordo-me de algumas vezes até me sentir agoniada... ainda a ambulância não tinha saído ou ia eu no elevador e já estava para ali com o estômago às voltas agoniada que nem uma pescada. O meu medo era falhar. E eu não podia falhar.

Ainda ontem tive um teste de medo. 

Tinha que atravessar de uma margem à outra de um rio, um aqueduto a muitos metros de altura sobre um piso de pedras meio arredondado e com 30 cm de largo, a coisa correu bem até meio, lá fui indo devagar, tentando por os pés nos sítios certos, mas quando cheguei quase a meio comecei a tremer e a ter a sensação que ia cair, e se caísse a coisa ia correr mesmo muito mal. Tive tanto medo, mas ali não havia alternativa. Voltar para trás não podia porque havia gente atrás de mim e não passávamos dois ao mesmo tempo, (e a altura mantinha-se), tinha que seguir em frente. As alternativas eram cair ou prosseguir. Parei... respirei, tentei não entrar em pânico, controlei o medo, proibi-me de olhar para baixo para apenas olhar em frente, e segui até ao meu destino, só faltavam uns 5 metros... e consegui. No final tive orgulho em mim, em ter conseguido lutar contra o meu medo.

É de pequenas vitórias que se fazem as grandes vitórias e está provado que não são os mais corajosos que são os melhores guerreiros, são aqueles que apesar de terem a percepção do medo e o respeitarem, o controlam também melhor.

10 comentários:

  1. Como te disse antes, eu não tenho grandes medos mas tenho que é enorme: tenho medo da doença, do sofrimento, da incapacidade, da vulnerabilidade... E quanto ao resto, eu admito que perdi a capacidade de arriscar, pelo que jogo sempre pelo seguro, porque basta o que poderei eventualmente sofrer e não poderei certamente controlar.

    PS: parabéns pelo teu feito! :-)

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    1. Gata: Se queremos atingir um patamar de alguma felicidade temos que arriscar...são os picos de adrenalina que te dão a sensação de felicidade, a linha continua de bem estar é boa, é gratificante, mas não corresponde ao que eu sinto como felicidade. São momentos intensos, especiais, únicos que te deixam o sabor a gente feliz no corpo.

      Ps_ Nem sabes o que suei e o que lutei contra mim mesma...:)))

      Beijinhoooo*

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  2. Dos posts que mais gostei de ler nos últimos tempos.
    Eu também tenho medos. Muitos até. E o facto de o confessares parece que me dá mais credibilidade para assumir os meus. É que noto muitas vezes pudor e incómodo em mencionar fragilidades, dúvidas, receios, medos.
    Um beijo.

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    1. Isabel Pires: Não me considero muito medrosa, mas tenho os meus medos. Tento sobretudo combate-los e não deixar que me impeçam de atingir as minhas metas pessoais de felicidade.

      Lutar, lutar... não desistir de lutar nunca.

      Beijinho*
      Obrigada pelas palavras simpáticas que deixas sempre por aqui. Fazes parte do universo de pessoas anónimas que ainda me conseguem surpreender pela positiva... Muito bom!

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  3. Só de ler...que cagaço!!!! (desculpa o à vontade:)!!! Ahhhhh mulher;)))))


    Quanto aos dois primeiros paragrafos, identifico-me com os teus medos:)
    Bom dia boneca ...cá estou de regresso ao labor:)

    jinhooooossssss

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    1. Suricate: Também tive cagaço...mas ali não havia muito a fazer. Ou seguir caminho ou cair. Deixei o cair para segunda opção se não conseguisse cumprir a primeira escolha. E não é que resultou?

      Sejas bem regressada menina Suri, sabe bem ter-te por aqui porque há boas companhias de que não prescindo.

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  4. É uma metáfora, certo?!
    Tu não tens medo de quase nada...

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    1. Son da Mamã: Tenho medo sim... tenho tantos. Guardo alguns só para mim e só quem me conhece sabe como os consigo esconder tão bem.

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Diz aí nada ou coisa nenhuma.