quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Mato-lhe já os sonhos ou deixo-a sonhar mais um bocado?




Chama-se Rute e é aluna de enfermagem. Minha aluna de estágio. Fora das horas de estágio ganha a vida como cozinheira de primeira, assim faz questão de designar que isto de ser cozinheira também tem graus e degraus. Até aqui nada de novo, admiro quem continua a estudar mesmo que a vida não lhe ofereça só facilidades e cursos pagos pelos papás de mão beijada para gente que anda por lá e por cá a fingir que estuda.

Ontem enquanto falávamos das mudanças que são esperadas e tão desejadas para 2016, (já não se fala de mais nada) reposição das 35 horas, do valor hora das horas inconvenientes, e dos feriados e turnos de fim de semana, ela disse-nos que entre subsídio de refeição, horas extras, e ordenado base tinha recebido mil e seiscentos euros líquidos. Calei-me caladinha mas tive mesmo para dizer à minha aluna que o mais sensato mesmo era continuar como cozinheira.

Ok tem o inconveniente de ficar cheirar a fritos e a refogados no fim do dia, e as mãos e as unhas andam sempre uma desgraça, mas não cheira vomitado nem merda a toda a hora, e não aspira secreções de ranho e cuspo...(esta foi a parte creepy da coisa) e claro a parte mais importante - não faz noites. E toda a gente sabe a bênção que é, e o bem que faz à pele a malta dormir todas as noitinhas na sua rica cama. E por outro lado se se enganar no molho picante ou salgar o assado, o cliente pode reclamar, estrebuchar que a cozinheira não presta e assim e assado... mas ninguém morre.

Mas depois achei que não. Não se deve matar os sonhos a ninguém.

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