sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Miradouro Lord Byron - Sintra.




Fotos minhas, tiradas com o telemóvel no local.



Envolta no denso nevoeiro que a caracteriza, num micro clima de calor e humidade encontra-se uma das paisagens únicas da Serra de Sintra. Local de difícil acesso, escondido, pouco divulgado, antecede-o um caminho de pedras sinuoso e estreito. Após uma subida íngreme de aproximadamente uns 15 minutos temos o miradouro Lord Byron, onde o escritor que viveu em Portugal durante uma parte da sua vida se sentava em total paz com a natureza para escrever poesia, textos e alguma correspondência. Numa das suas famosas cartas tecia elogios à beleza da vila de "Cintra" definindo-a como a mais bela do mundo, mas desancava o povo português pela sua parolice, provincianismo e analfabetismo.

   [Ao Sr. Hodgson]
                                                                     "Lisboa, 16 de Julho de 1809."

   "Até ao momento temos seguido a nossa rota, e visto todo o tipo de panorâmicas maravilhosas, palácios, conventos, &c., - o que, estando para ser contado na próxima obra, Book of Travels, do meu amigo Hobhouse, eu não anteciparei transmitindo-lhe qualquer relato de uma maneira privada e clandestina. Devo apenas observar que a vila de Cintra, na Estremadura, é talvez a mais bela do mundo.
   Sinto-me muito feliz aqui, porque adoro laranjas, e falo um latim macarrónico com os monges, que o compreendem, uma vez que é como o deles, - e frequento a sociedade (com as minhas pistolas de bolso), e nado ao longo do Tejo, e monto em burros ou mulas, e digo palavrões em Português, e sou mordido pelos mosquitos. Mas quê? Aqueles que efectuam digressões não devem esperar conforto.
   Quando os portugueses são pertinazes, eu digo 'Carracho!'[caralho] - a grande praga dos fidalgos, que muito bem ocupa o lugar de 'Damme!' - e quando fico aborrecido com o meu vizinho declaro-o 'Ambra di merdo' [por Homem de merda]. Com estas duas frases, e uma terceira, 'Avra bouro' [por Arre burro], que significa 'Get an ass' ['Arranja um burro' ...!?!, obviamente uma tradução incorrecta.], sou universalmente reconhecido como pessoa de categoria e mestre em línguas. Quão alegremente vivemos sendo viajantes! - se tivermos comida e vestuário. Mas, em sóbria tristeza, qualquer coisa é melhor do que Inglaterra e eu estou infinitamente divertido com a minha peregrinação, até ao momento.
    Amanhã começaremos a percorrer cerca de 400 milhas até Gibraltar, onde embarcaremos para Melita [por Melilla] e Bizâncio. Uma carta para Malta aí me encontrará, ou será reexpedida caso eu esteja ausente. Rogo-te que abraces o Drury e o Dwyer, e todos os Efésios que encontres. Escrevo com o lápis que me foi dado pelo Butler, o que torna o mau estado da minha [escrita] mão ainda pior. Perdoa a ilegibilidade.
   Hodgson! Envia-me as novidades, e as mortes e as derrotas e crimes capitais e as desgraças dos amigos; e dá-nos conta das questões literárias, e das controvérsias e das críticas. Tudo isto será agradável - 'Suave mari magno, &c.'. A propósito, tenho andado enjoado e farto do mar. Adieu."

George Byron

4 comentários:

  1. I love this rugged terrain . . . huge boulders, in the fog.
    Thanks for sharing.

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    1. Rick Forrestal: It's an amazing place, where minds get lost...

      :))

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  2. Belas fotos e que inveja - boa! - desse passeio.
    Diverte-te!
    Beijo.

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    1. Isabel pires: Está ao alcance de qualquer um... basta conseguir caminhar e ter tempo e vontade para lá chegar.

      Beijinhoooooo:)))

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Diz aí nada ou coisa nenhuma.