Abro-te as portas querendo a tua luz,
numa sede de ti que não se acalma.
Não me negues a água que mata a minha sede.
Desejo o teu incêndio queimando a minha alma.
Maria Teresa Horta
Do desejo intenso que me invade guardo-te o cheiro ainda nas mãos, o teu cheiro. Não chegou. A merda é que nunca chega. Sabe sempre a pouco, o tanto que é quase nada. Da dura luta que comigo travo arde-me a pele, queimo-me no fogo que não controlo e que há muito desisti de apagar.
Quero tudo de novo.
Ocupar-te o corpo, rasgar-te a roupa, estraçalhar-te com as mãos, apertar-te, agarrar-te, usar-te o tesão, abusar-te, montar-te e apoderar-me de ti sem pudores. Uma e outra vez. E quero lá saber. És tu à minha mercê para eu deixar rendido, seduzido, saciado, sem hipótese. Sem deixar que o tempo tome conta de nós e controle pelos minutos o que só nós queremos incontrolável e sabemos como. E a ti deixar-te que me devores com sofreguidão, ou não.
Que me empurres e esmagues com o teu corpo, me dês voltas e voltas sem saber aonde estou ou para que lado estou, e me segures no cabelo daquela forma só tua enquanto me sussurras tesão pura ao ouvido. Que me beijes e acaricies, e toques e sorvas, e trinques, e lambas e comas. Entra em mim, por mim adentro, enquanto observas como me ofereço, ou como me toco para ti, como me quiseres, exposta, vulnerável, sem limites, porque sabes que sou tua e que te desejo intensamente. Oiço-te repetir uma e outra vez baixinho, tu não existes, oh tu não existes. Oh tão bom, tão bom. E esgotares-te.
Depois já na outra dimensão para onde viajo contigo, que não sei onde fica nem para onde me levas, esqueço-me de mim, do mundo. De nós ficam as marcas, o rasto de suor e sexo que ficam pelo caminho. As roupas esquecidas, os lençóis encharcados, o teu olhar no meu, a felicidade nos teus olhos, o teu enorme sorriso, o teus gemidos de prazer, o teu prazer no meu prazer, o nosso prazer em nos darmos prazer, os meus suspiros, a minha felicidade, as minhas palavras... mais e mais. Quero mais. Vou querer sempre mais. E tu sabes isso.
...
Não há retorno, nem regresso possível. Nesta viagem quero que o bilhete seja só de ida. Para poder ficar.
Exausta, mas de ti nunca me canso.