terça-feira, 11 de novembro de 2014

Queria só um bocadinho do que eu quero...


"Desisti de acreditar em coisas eternas,
 acredito em momentos inesquecíveis. 
Destes que me alimento e àqueles que me rodeiam. 
Por isso encontrando-me pelo caminho podes escolher entre o eterno e o inesquecível. "

 Jeannie Klein

Saí de vela, estou cansada. Mortalmente cansada. Todos os dias temos que seguir turnos, abrir novas salas de cuidados, e prestar os tais cuidados sem o número de pessoas suficiente. Todos os dias se chama gente que está em casa, faz-se um choradinho primeiro, promete-se qualquer coisa em troca, ameaça-se depois. Fazer tarde ou manhã só, é um luxo. Segue-se sempre mais um turno, ou manhã e tarde ou tarde e noite. Acrescentam-se horas, às horas que já fazemos a mais. Humanamente começa a não ser possível. E shiuuuu, não acreditem nos números que ouvem, somem-lhe sempre mais cem porque os números só são somados depois da confirmação e da declaração obrigatória de doença e blá blá blá, mas todas as suspeitas que se dirigem ao hospital são os números reais.

Hoje apetecia-me deixar-me ir nas coisas que gosto. Encontrar-me no que é só meu e me faz feliz. Apetecia-me viajar até ao mundo dos sonhos, juntar-te a mim no caminho e juntos voarmos numa vassoura mágica até ao nosso refúgio. Não vejo por lá obrigações, nem um dia duro de trabalho, nem distancia, nem responsabilidades ou contas por pagar. Vejo só o que eu quero. E o que eu quero é estar feliz. Tanto me faz o frio ou o quente. Tanto me faz ao Sul ou a Norte. Tanto me faz sol ou chuva. Nem sequer quero saber se o que temos hoje vai durar mais um dia ou mais alguns anos. 

Queria música baixinho, queria uma cama quente, queria um abraço aconchegante, e as nossas conversas intermináveis, e todas as anedotas parvas, algumas repetidas, e as histórias divertidas do teu tempo de patrulha, ou as minhas do tempo em que vivia eu e mais umas quantas alucinadas como eu em 100 metros quadrados de casa, e os intermináveis relatos das histórias de uma família que não bate bem, por sinal a minha, e brincadeiras de gargalhar até doer a barriga, e muitas cocegas. E tu a fugires a rir com medo de mim, ou a pegares-me ao colo para me levares para o primeiro andar, ou a dançarmos numa coreografia ensaiada pela sala... 
E depois.. 
A intensidade e a violência do muito mais do resto de nós. Sem parar. Até o cansaço se diluir na sensação boa de plenitude e saciedade onde encontro prazer e paz.


Queria só um bocadinho do que eu quero. Mesmo pequenino.
Não é por nada, é só porque sim. Porque eu hoje estou assim.

12 comentários:

  1. Gostei tanto do teu desabafo..talvez porque me reveja tanto nele..

    As ainda preciso de colo..

    É isto!

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    1. Terapia das palavras: Quem não precisa de mimo e de um colo? Nem a mulher mais forte, mais independente e emancipada...
      Gosto que me mimem. Gosto que me cuidem.:)))

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  2. Junta-lhe a praia que não tive este ano e eu assino por baixo, também gostava de te rum só bocadinho daquilo que quero com quem quero...

    Beijos

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    1. PM: E que tal quando vieres para Portugal pintares a manta, partires a louça, saltares a cerca e apostares tudo em fazer o que te dá na real gana? É para isso que servem as férias... e já falta pouco.

      Beijinhoooooo

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  3. Saíste do trabalho e em vez de ligares ao gajo a pedir uma queca, vens infestar a blogosfera de pensamentos subversivos!

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    1. Anónimo: Quecas não se pedem e muito menos se dão.... Quecas não prestam e nenhuma mulher gosta delas. Aprende que eu não duro sempre.... e ensino-te grátis a ver se daqui para o futuro deixas de ser só um anónimo e te safas melhor. E caso te tenhas esquecido este blog é meu, falo aqui do que quero, desabafo o que me apetece e quem não gostar tem bom remédio, siga em frente que a catequese é na porta ao lado.

      Um pensamento subversivo para ti, um pensamento subversivo para mim... olá olá... e a vida sorri.

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    2. hihihi estiveste bem, boa noite AC :)

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    3. Anónimo: Tu também agora... Revelaste muita classe na resposta. Não é para todos....
      Bom dia sr.anónimo.

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  4. Gosto tanto, mas tanto de te ler....
    E ires de encontro a isso que queres e que te vai fazer feliz? Nem que seja só por umas horas hein?

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    1. SuperSónica: Não sou rapariga para deixar para amanhã o que posso fazer hoje, até porque sei que amanhã posso já cá não estar.... procuro o que me faz feliz, luto por isso, não deixo cair quem me gosta. No final.... sou feliz e isso chega-me:)))

      Beijinho gigante em ti miúda acelerada

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  5. Somos ambos pessoas com classe, espicaço-te não por mal mas para ver se sais dessa tua zona de conforto, se pousas a máscara nem que seja por um instante, gostava também que fosses mais simples, por vezes os posts são demasiado complexos e difíceis de descortinar, enfim, apesar das nossas diferenças gosto muito de ti!

    Beijos ACzinha, do AC Groupie

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    1. Anónimo: Não uso máscara... protejo-me no que quero. Sou uma pessoa simples que vivo a vida de forma complicada, no topo de uma falésia em cima de um cabo de aço esticado em constante desequilibro, em perigo iminente de perder o auto controlo e estatelar-me... sei disso, vivo com isso. Aproveito a vista, desfruto da adrenalina do perigo e faço um esforço dos diabos por me manter onde estou...

      é a minha vida. mas esta só eu a posso viver...

      :)))

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Diz aí nada ou coisa nenhuma.