quinta-feira, 10 de novembro de 2016

No mar verde de um olhar...






Que seria do farol se o mar fosse indefinidamente manso?

Que seria do vento se a sua força fosse permanentemente alísea?



Dizem que um olhar diz tudo. Que há olhares que valem mais que mil palavras, dizem. Dizem também que os olhos são o espelho da alma ou a porta de entrada para o nosso coração. Com o olhar dizemos sim, com o mesmo olhar dizemos não. De forma simples. Os olhos contam histórias, deixam transparecer se estamos tristes ou felizes, são rios, são mares, mas também são jardins de gargalhadas. Um simples olhar pode ser um começo. Um bom começo quando só com um olhar ficamos interessados, atraídos para mais, perdidos no que poderia ser ou gostaríamos que fosse. Especados ali à espera. Ou um fim, quando fechamos os olhos, cerramos as pálpebras, abanamos a cabeça e tentamos esquecer.

Com o olhar exprimimos admiração, interrogamos, rimos, mentimos ou entregamo-nos. Outras vezes dizemos tudo, olhos nos olhos, ou desviamos o olhar e escondemos o que sentimos, baixamos a guarda e baixamos o olhar. Seduzimos e amamos com olhares malandros, provocadores, profundos e lamechas. Ignoramos e partimos quando evitamos e desviamos o olhar. Com o olhar apreciamos também o belo, observamos o que nos rodeia, adquirimos sabedoria, aprendemos com a experiência, investigamos o que nos falta descobrir, ou criticamos o que nos incomoda.

Gosto de olhares simples, explícitos, que me percorrem de alto a baixo, arrepiam a pele, estremecem por dentro, fazem corar, vêem o que está à vista e o que quero esconder, sabem muito mais de mim do que o que eu quero dizer, analisam-me detalhadamente, entendem-me, tornam-me feliz e sabem melhor que ninguém como me arrancar um sorriso de orelha a orelha.

Tanta coisa cabe num só olhar. No mar verde do teu olhar.

2 comentários:

  1. Mais uma excelente crónica sobre a sua vida, em que os amores, o desamor e as paixões que surgem como autênticos vulcões em erupção e os episódios da vida profissional; uns de fazer rir, outros caricatos e outros de uma força dramática extrema, fizeram de mim, há muito, seu fã incondicional. Gosto da forma como escreve....ao "correr da pena". A espontaneidade das suas palavras arrasam ...sensibilidades, conseguem despoletar nas mentes mais recalcadas, a visão do que é viver a vida enquanto seres únicos e que só dependemos de nós próprios e que tudo o que nos possa acontecer, só depende de nós....(chamam-lhe livre arbítrio). Felicidades para o novo relacionamento de olhos verdes.

    Jaime Maia

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    1. Lutador: Obrigada.

      Ando nesta vida na busca incessante de ser eu mesma de acordo com as minhas escolhas, a pensar exclusivamente pela minha cabeça, e claro... sempre à procura de ser feliz.

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Diz aí nada ou coisa nenhuma.