quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Asas servem para voar*....








Asas servem para voar,
Para sonhar ou para planar,
Visitar, espreitar, espiar,

Mil casas do ar.

As asas são para proteger, 
Te pintar,
Não te esquecer,
Visitar-te, olhar-te, espreitar-te

Bem alto do ar.

E só quando quiseres pousar,
Da paixão que te roer,
É um amor que vês nascer,
Sem prazo, idade de acabar.

Não há leis para te prender
Aconteça o que acontecer.

Asas - Gnr


Não me importo com o amanhã, não me ralo com o depois, não quero saber de como será, ou até se será, ou se vai ser. Não conjugo verbos no futuro e não faço planos. Não quero saber da eternidade, nem do para sempre, nem o que posso perder ou se amanhã o que procuro ainda existe. Tenho medo mas não deixo de arriscar, tenho plena consciência do enorme risco, e a certeza absoluta que provavelmente no final disto tudo vou sofrer. Continuo igual a mim mesma, a escolher o mesmo formato de "eles" com todos as qualidades e defeitos que sei que têm, a dar o melhor de mim, a cativar e a deixar em êxtase mas também a cometer os mesmos erros porque há coisas que não mudam. 

Escolhi-te. Escolheste-me. Não sei se necessariamente por esta ordem. Talvez. Comprámos bilhete para uma viagem a dois. Voltas e voltas a uma rotunda, lugares onde já tive, saídas que já conheço mas também placas toponímicas que assinalam saídas que nunca visitei. Tu complicas, eu descomplico. Tu asseguras tranquilidade e fazes juras eternas, eu rio e desconfio. Tu analisas-me a cada instante, é algo teu. Descobres-me, eu fecho-me e fujo. Confio sempre muito pouco. Tu estabeleces o contacto, incentivas a confiança, fazes a ponte, estendes as mãos. Sou teu miúda. Às vezes brinco e pergunto-te: Onde é que aprendeste a mentir tão bem? Assobio para o lado, finjo que não percebo. Sem expectativas, zero planos a dois, sem lugar a decepções. Voluntariamente, conscientemente.

Deixo-me apenas ir. Porque hoje é hoje e foi incrivelmente bom. Porque ontem foi ontem e cada segundo valeu a pena. Porque já me conseguiste surpreender uma e outra vez. Ontem mais uma vez. Literalmente fizeste-me voar num bailado nesses teus braços musculados, voei em contramão por uma sala cheia de gente, redopiei como se tivesse asas e não fosse possível parar, dancei e amei-te, e naquele instante o infinito do azul do céu foi meu. Foram minutos mas fizeste acontecer magia.

Vou mergulhar de cabeça no que acho que vale a pena. Tenho asas e asas servem para voar. Perigosamente acho eu.

6 comentários:

  1. fazes muito bem,AC.
    a vida é um céu, breve. há que voá-lo enquanto pudermos e da melhor forma que sabemos.

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    1. Laura Ferreira: A vida é demasiado curta, esgota-se num fosforo e não temos que a viver de acordo com as regras dos outros...

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  2. Tenho te lido e tens me feito sorrir a cada texto. Gosto de te saber assim, feliz.
    :)
    Um beijo grande

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    1. Imprópria: Estou a arrumar a casa e a partir de vez. Ao meu ritmo...

      Beijo enorme com saudades tuas Imp.

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  3. Como eu te entendo! Como eu te entendo! (foi duas vezes, para tu teres bem a noção do meu entendimento ;).

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Diz aí nada ou coisa nenhuma.