segunda-feira, 9 de maio de 2016

Coisas minhas e quero lá saber...



Quando era pequena e pela primeira vez me perguntaram o que queria ser quando fosse grande, respondi com o meu ar mais sério que queria ser Artista de Circo, tentaram confirmar com nova pergunta como se eu não soubesse muito bem o que aquilo era. Mas sabes bem o que isso é? É andar com a casa às costas, viver numa autocaravana toda a vida, andar de terra em terra sem ter tempo para criar raízes, estar longe de tudo e da tua família, é sobretudo uma vida dura despojada de quase tudo. Queres mesmo ser Artista de Circo? Sim disse eu, e durante anos foi mesmo o que quis. Depois mais tarde comecei a perceber que não tinha jeito para Contorcionista, nem Malabarista e muito menos Trapezista, por isso percebi que o meu forte nunca seria nada ligado à ginástica e depressa substituí o desejo de vida pelas artes circenses pela vontade de voar e o mesmo sentido de eterna saltimbanca, quis ser Assistente de Bordo, na altura Hospedeira. Dizia a mãe tentando demover-me da ideia, que Assistente de Bordo era assim uma coisa entre empregada de café e camareira e que não havia muito glamour na coisa. Mas eu queria porque chegar e partir atraía-me (e continua a atrair), e uma casa, um lugar apenas e uma vida fixa ao chão não me diziam nada. 

Não fui uma coisa nem outra, segui a mesma profissão da minha mãe, um pouco pela influência dela mas também porque depressa percebi que era mesmo o que queria, e que tinha vontade e capacidade para a desempenhar. Adquiri os conhecimentos necessários e cá estou eu presa ao chão, com raízes num lugar sem grandes chances de mudar, sem hipótese de ser Artista de Circo, Assistente de Bordo, viajante de profissão, caravanista de longo curso, mochileira de vida. Este sonho continua cá, não desisti dele, à primeira oportunidade vou investir nele. Não sabemos o dia de amanhã, posso arranjar um gajo rico (mesmo rico) e aventureiro como eu que me financie os sonhos, pode-me sair o euromilhões, posso achar petróleo no jardim da casa dos meus pais, posso encontrar um tesouro no fundo do mar enquanto faço mergulho, posso tropeçar numa mala cheia de dinheiro enquanto subo a rampa do hospital para mais um dia de trabalho, posso receber uma doação / herança de uma velhinha rica que tenha passado pelos meus cuidados, sei lá... a minha imaginação é fértil mas a verdade é que o sonho continua cá e até ao lavar dos cestos ainda é vindima, muita coisa pode acontecer. 

Ou nada, e tudo ficará como está.

14 comentários:

  1. Respostas
    1. Rick Forrestal: This is not my tent... but someday it will be. I hope!

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  2. Sonhar ainda é grátis, não pares :)

    Beijos

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    1. Shiver: No dia em que deixar de sonhar morri. Levem-me tudo, deixem-me ficar os sonhos.

      Beijinhooooo*

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  3. Ola AC, obrigado pelo teu conselho. Obrigado mesmo. És uma querida como sempre. beijinho no coração. Boa Semana

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    1. Outra Maria: É apenas a minha experiência de vida a falar. Vale o que vale. Se ajudou, fixe.

      Beijinho enorme

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  4. 😊 quem sabe.
    Acreditamos desacreditando.
    ....
    Sabes,
    Revolta-me a mente das pessoas.
    Elevam o seu ego inferiorizando o ego dos outros.
    Cada um ganha como pode, poupa como dá.
    Para não fazer um testamento digo:
    Dos teus sonhos, lindos.
    Queres ser "louca"¿!
    Experimenta.
    Deixa tudo.
    Muda.
    Nos somos o nosso limite.
    O nosso limite é o medo do desconhecido.

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    1. Paulo César: Não há limites para a imaginação humana nem para os sonhos de cada um. Eles são construídos de forma a fazerem-te voar, à tua medida. Cada ser humano faz os seus. São especiais e únicos. E normalmente o que é incrível para mim é ridículo para ti....faz parte.

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  5. Eu assumo:
    Diferente
    Nunca ridículo.
    Ridículo é o amor.
    Ridículo é a dor.
    Ridículo é tudo menos os sonhos.

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    1. Paulo César: Só as cartas de amor são ridículas, lá dizia o Fernando Pessoa... tudo o resto quando feito de forma genuína e de boa vontade é saudável.

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  6. tenho formação em palhaço, mas cedo desisti do circo :)

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    1. Manel Mau Tempo: Ser palhaço é uma arte, fazer rir um talento. Não devias ter desistido... insiste. O mundo do circo fascina-me.

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Diz aí nada ou coisa nenhuma.