segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Borrar-se de medo...



Não sei de onde veio a expressão "borrar-se de medo" mas há muito que a conhecia e francamente nunca lhe reconheci grande lógica. É ficção pura, ninguém se borra de medo. Deve ter sido uma coisa criada pela fantasia semelhante às estrelinhas que se vêem nos desenhos animados a sobrevoarem a cabeça sempre que alguém bate fortemente com ela.

Esta sexta feira participei numa aventura /expedição nocturna de descoberta de várias minas abandonadas no interior da serra de Sintra. Minas de água muitas delas, e que correspondem a túneis subterrâneos que atravessam praticamente toda a serra e que serviam como condutas de transporte de agua até depósitos, tanques, cisternas, poços, onde essa agua era armazenada para utilizações futuras. Sabia de antemão o que são túneis e grutas, e o que por lá podia encontrar, quase sempre muitos morcegos - é lá o seu habitat -, ratos de maior ou menor tamanho, lesmas nas paredes, aranhas, e mais um ou outro bicharoco que não cabe nesta lista. Já fiz exploração de algumas grutas de forma superficial e sem grandes riscos, apenas com recurso a cordas e rappel e sempre acompanhada de um guia conhecedor do local, neste dia não era excepção, o mesmo grupo - perto de vinte elementos, e o mesmo guia.

O que eu não esperava encontrar era sapos viscosos de olhos esbugalhados, e sardões, uma espécie de lagartixas, ou osgas, ou o raio, gordas quem nem vacas e com umas patas com unhas que trepavam por todo o lado. Odeio sapos. Odeio toda a espécie de répteis de pele colorida e brilhante. E enquanto algumas pessoas davam gritinhos e saltinhos a mim começou-me a dar umas cólicas brutais na barriga a somar ao terror imenso. Já não sabia o que havia de fazer, se parar e controlar o medo, se parar e controlar as dores de barriga que me deixavam lívida, branca como a cal e a sentir-me mesmo muito mal, ou dar parte de fraca e dizer bem alto para todo o grupo ouvir o que se estava a passar. 

Calei-me caladinha, dei cada passo encolhida com medo da catástrofe, ouvia a minha barriga a fazer ruídos estranhos e a tentar ser mais forte que eu. Foram 9 km assim. Dolorosos. E jurei a mim mesma que túneis nunca mais. Gosto de natureza, ar livre e puro, paisagens brutais e até de alturas, agora coisas debaixo do chão não me convidem. Lá me aguentei mas isto podia ter corrido muito mal, ó ó se podia... 

Não nasci para rato de esgoto.

10 comentários:

  1. Poder podia, mas não era a mesma coisa :D

    Bj

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    1. Casaert: ahhhhhh... nunca mais a Serra de Sintra seria igual....ahhhh.

      Bj****

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  2. looooooooooool
    E baratas e escaravelhos não te causam esse efeito? :P

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    1. Jedi Master atomic: Por acaso não. Convivo bem com escaravelhos e baratas e não me fazem impressão nenhuma... nojo sim... mas mais nada. No hospital onde trabalho há baratas que parecem cigarras, grandes, de carapaça grossa que quando pisadas até estalam (crrrrrr).

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  3. Aqui a je... nunquinha. É que não mesmo. Até me arrepiei só de ler aqui de longe. :)

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    1. MC: Tive tanto medo.. Pavor mesmo. É experiência que não quero repetir, quando forem para grutas e túneis não vou. Ca nojo pah... aquilo é horrível e nojento.

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  4. Como eu te entendo, estava a ler e a arrepiar-me toda...grrrrrr! Para além de qualquer reptil me dar nojo, piora se me falas em túneis. Não gosto de túneis, aliás, não gosto de subterrâneo, nem mesmo parques de estacionamento subterrâneos, suporto mas evito-os. Sou mais alturas, adoro sentir-me lá em cima.

    Agora, deixa-me dar-te os parabéns pela coragem e força de guerreira...não sei se me aguentaria...

    Bjnh grande miuda :)

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    1. Bruna: Aguentei muito mal, passei o resto do percurso a concentrar-me em não me escagueineirar toda por isso pouco tempo tive para ver os bichos. Primeiro tive medo dos bichos, depois o meu medo era outro e bem real. ahhhhh...

      Beijinho enorme Bruna:)))

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  5. Devias ter beijado os sapos, tadinhos! Então tu não sabes que são príncipes encantados? ;)

    Beijos.:)))))

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    1. Maria Eu: Eram tão feios e nojentos.. Bem podem continuar a ser príncipes enfeitiçados comigo não se safam.

      Beijinho grande miúda Maria TU

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Diz aí nada ou coisa nenhuma.