sábado, 13 de outubro de 2012

E depois, o dinheiro para as pilhas?

                                                                                 

No meu trabalho não tenho só dias agitados e coisas tristes. A pressão, as dificuldades e o instinto de sobrevivência levam a que o espírito de entreajuda, a camaradagem e as gargalhadas estejam sempre presentes, e que os tempo mortos sejam passados entre algum descanso e brincadeiras permanentes. Quando não temos que fazer inventamos, damos largas à imaginação e fazemos trinta por uma linha...

A Marta é minha colega de equipa, a alcunha dela é Lsd porque é alucinada, tem um ar divertido, puro, meio doido, desbocado, repleto de palavras fáceis que lhe saem pela boca fora em catadupa sem pensar muito bem no que diz. Por ser assim já sofreu na pele alguns dissabores, e olhares maliciosos.

A nossa televisão da sala de pausa é um cangalho podre de velho, quadrada, pesada, antiga, pendurada num suporte no tecto, bem no alto, já sem comando à distância e em que a tonalidade dos intervenientes no ecrã é um verde Kiwi, meio extra terrestre dando um ar intrigante e extra sensorial a qualquer programa mais normalzinho que por ali apareça. Como acessório imprescindível temos um cabo de vassoura que serve para mudar os canais e ajustar o som quando é preciso ouvir alguma coisa... muito raramente, porque pouca coisa tem interesse nos canais portugueses para ser ouvida.

Esta semana a nossa máquina infernal morreu. Kaput! A malta que já anda triste com os cortes, a troika e à beira da depressão, ficou revoltada com a ausência da fada sininho das manhãs da tvi, da mulher eco da Sic, e da Sô Dona Fatinha do programa que ajuda pessoas que têm estofo para chorarem em publico e exporem-se mais do que o necessário para terem uma ajuda, e ainda a magia dos programas a altas horas da noite que terminam sempre numa descida única e exclusiva ao mundo maravilhoso dos milagres das televendas.

Como há vários dias que não há televisão o chefe de equipa de banco resolveu fazer entre todos os funcionários do serviço uma recolha simbólica de verbas para podermos comprar uma tv nova...assim estipulou-se 5 euros a cada um. Ontem passou pela nossa sala de pausa na passagem de turno para recolher o dinheiro dos elementos presentes, todos tirámos a notita de 5 euros e demos, vai a Lsd e pumba dá uma nota de 10 euros.

Dr X- São só 5 euros, não são 10.
Lsd- Mas eu quero dar dez... porque de certeza que do dinheiro desta gente toda ainda vai sobrar algum, e  com o que sobrar, compra um vibrador aqui para o serviço. Nem precisa ser uma coisa muito especial, secção de pequenos electrodomésticos, linha branca... se quiser até vou consigo... mas olhe que era uma excelente ideia para ter aí numa gaveta.
Dr X- Ai Marta, lá está você com as suas coisas...Disparate.
Lsd- Disparate nada, juro-lhe que melhorava em muito a qualidade dos serviços prestados e o humor das equipas de trabalho, acabavam-se as que não pinam e as que mal pinam, e se os machos ficassem tristes e com inveja não havia problema, aqui não há desigualdade e também podiam experimentar. E se não percebeu bem o que é pinar porque não deve ser do seu tempo é truca truca, aquela coisa que até os bichinhos gostam...
Dr X-  a rir... Valha-me Deus do que te lembras!.
Lsd- Vá esqueça, dê cá o troco... ia haver guerra por causa do dinheiro para as pilhas.

Toda a gente a rir...
Omg Lsd, só tu rapariga.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A brincadeira envolve policias mas substituimos os ladrões por algo mais divertido e menos perigoso já agora...


                                                                         

Um dos nossos agentes o R, do posto do hospital foi ao nosso serviço obter informações de um sinistrado que tinha entrado algum tempo antes e que tinha seguido para o bloco operatório quase de imediato. Era hora do lanche e estávamos entretidos à volta da mesa rodeados de chá quentinho, torradas acabadinhas de fazer e uma tarde de maçã feita pelo Duarte que é um excelente cozinheiro e traz uns petiscos para as meninas da equipa bem bons. Adoça-nos para ficarmos ainda mais doces, como ele diz. Somos malta simpática e tratamos bem quem nos visita, oferecemos ao R uma fatia de tarde e ele acabou por ficar por ali algum tempo na conversa connosco.

Entre os vários assuntos falou do que sabe fazer, de rusgas, detenções, algemar pessoas e mais coisas que para nós são novidade mas que para ele são o dia a dia e fazem parte da rotina diária. No meio da conversa a minha colega Judy saí-se com esta frase: nunca fui algemada deve ser uma sensação gira. Ele levanta-se rápido parecia que tinha uma mola, leva uma mão ao cinto saca as algemas, com a outra dá-lhe um ligeiro encontrão, uma riviravolta ao braço direito, com a mão onde tem as algemas agarra-lhe o outro braço leva-o atrás e tungas afinfa-lhe as algemas... tudo isto em segundos, só com uma mão e nós boaquiabertos a olhar e a gozar o espectáculo.

Diz o R - Querias experimentar a sensação que tal?
Judy - Ó pah tira-me lá isto que já me estão a doer os pulsos, esta merda não parece mas magoa.
R - Não te magoei. Era só para perceberes a sensação. Tiro-te já isso pera...Leva a mão ao cinto, fica encarnado que nem um tomate e diz, porra não tenho a chave. Não acredito nisto.
Judy - Tás a brincar não estás? Quem não acredita nisto sou eu... Isto não me está a acontecer. Tira-me já esta porcaria ou passo-me, não vou ficar assim mais tempo, tira-me isto.

Claro está que as chaves não existiam mesmo e foi preciso chamar via rádio o carro patrulha para vir ao hospital trazer as chaves das algemas...o hilariante foi mesmo ter que sentar a Judy numa cadeira para disfarçar as mãos atrás das costas, acalmá-la enquanto esperava uns bons 15 minutos que chegassem as chaves, e depois a cara de gozo dos boys agentes ao bom estilo mafioso (logo 4) quando chegaram ao nosso serviço, entraram por ali dentro de sorriso de orelha a orelha, a gozarem o prato e a dizerem com o ar mais sério do mundo e em voz alta...
                                                           
Quem é a enfermeira detida?