domingo, 8 de janeiro de 2012

Crise, decisões e merdas de confusões...



                                                                     

Um facto incontornável é que cada vez existe mais gente triste, deprimida e depressiva.Os tempos estão difíceis, a vida só nos atira tijolos, e a maior parte das vezes, nas 24 horas do dia só muito pouco do que vivemos é que é gratificante, estimulante e dá satisfação.Depois temos o problema de sermos naturalmente insatisfeitos, queremos sempre mais, ambicionamos o que não podemos ter, e vivemos em esforço continuo das nossas capacidades para conseguirmos alcançar o que nos propusemos..quase sempre muito mais do que seria expectável e aceitável. Quando o esforço é muito grande, muito intenso, e não existem mecanismos de escape, podemos flippar, queimar os circuitos e ficar tan-tans de vez...ou seja doentes em tratamento psiquiátrico.

Desde há uma semana que a minha urgência recebe doentes psiquiátricos, nós que por ali andamos não recebemos formação especial para lidar com estes doentes, que são doentes com características especiais, quase sempre muito mal educados, porcos, agressivos e violentos. A urgência em si também não tem condições, nem espaço físico próprio adaptado para estes doentes que assim do nada, caíram-nos de pára quedas Basta dizer que logo no primeiro dia um colega meu foi agredido, e o vidro do balcão da admissão estilhaçado em mil bocados por um murro.Nada que qualquer um de nós não previsse.

Vieram então uns senhores sábios instalar uns botões nas nossas salas que se chamam carinhosamente botões de pânico, e que quando pressionados accionam um alarme no nosso posto de policia, resultado o dito botão fixe, já foi accionado por diversas vezes e é giro ver chegar ao nosso serviço uns senhores de azul, giraços, com ar de maus, na posse de uns spray's catitas que fazem chorar, e umas armas engraçadas que por acaso até metem medo. Mas na verdade um doente psiquiátrico está fora de si, não sabe o que faz, ou demonstra não saber fazer... fico na duvida, e quando desata a bater e a dar pontapés em tudo o que vê ou mexe, e a chamar nomes muito bonitos a toda a gente, não há nada, nem ninguém que o faça parar...e consta-me que não sente medo, vira daltónico, e nem sabe distinguir os senhores de azul dos senhores de branco..

Ontem uma alucinada, alcoólica, em programa de desintoxicação, com ar de peixeira, porca como um raio, cuspiu-me para cima, e eu gostei muito. Fiquei muito feliz e realizada, porque é sempre bom quando somos reconhecidos profissionalmente pelo nosso mérito e esforço, fiquei estupefacta com tanta consideração e admiração, e sem tempo para me recompor, porque logo de seguida....vieram os nomes fixes, só elogios, e palavras giras. Só não me chamou santa, nem virgem..... porque isso é que era uma verdadeira tristeza.

Maluquinha ? Sou eu.....presente!