domingo, 26 de agosto de 2012

Antes de... Leiam o manual de instruções e desistam de ser criativos.


                                                                         


Hoje fiz noite, e em apenas 8 horas de trabalho tivemos 4 tentativas de suicídio, sim verdade, o número não está errado, e é assustador mesmo. Cada vez há mais gente a tentar suicidar-se e ou é impressão minha ou as pessoas estão mesmo a esforçar-se para tentar morrer, o pior é que têm ideias de merda, que não lembram ao menino Jesus. Então beber 1 litro de aguarrás mata alguém? Quanto muito queima todo o tubo digestivo, deteriora as vias aéreas e dá um sofrimento do catano, mas morrer que era bom, nem pensar.

Depois existe outro problema....

Atirarem-se de um primeiro andar não resulta, e não é às vezes que não resulta, é mesmo SEMPRE.
Partem as pernítas, fracturam os calcaneos, e lixam a bacia. Na pior das hipóteses podem fazer uma fractura de coluna e ficam paraplégicos, ora para quem quer mesmo morrer isso não é solução.

IDEIAS DE MERDA...
  • Atirarem-se para a linha do comboio - NUNCA, raramente morrem e ficam sem braços e pernas.
  • Tomarem comprimidos com bebidas - NUNCA, uma lavagem ao estômago e quanto muito ficam a babar-se e de fralda.
  • Cortarem os pulsos - NUNCA, não resulta e francamente deita muito sangue e suja tudo.Depois dá uma trabalheira a limpar.
  • Abrirem o gás - NUNCA, resulta menos vezes do que possam pensar e sinceramente acho mal que quem se quer matar por opção obrigue quem não queira a ir também por simpatia. É muito egoísta, e fica mal.
  • Atirarem-se da varanda tipo R/C ou 1º andar só revela estupidez. Nunca morrem e ficam sempre com alguma coisita partida.Quanto muito dá baixa por 3 meses.
  • Armas de fogo - NUNCA. Só se tiverem mesmo pontaria, saibam que quando apontamos para nós no milíonésimo de segundo antes o nosso instinto de sobrevivência vem ao de cima, e o cano da arma desvia-se. Ficam sem escalpe, cegos, surdos, e com alguma sorte em coma mas não morrem....Ficam a dar despesa ao estado, aos contribuintes e a chatear a família que sofre de morte por vos ver assim.
AGORA IDEIAS MESMO BOAS.....
  • Atirarem-se do Cristo Rei, Ponte Sobre o Tejo, ou sítios mais altos de preferência. À falta de melhor tudo o que seja para cima de um 12º andar já deve chegar...Menos nunca, só se magoam.
  • Aquelas merdas de overdoses e afins também resultam, mas é preciso saber onde comprar. Informem-se primeiro. O material tem de ser de primeira qualidade e bater mesmo. Pó de gesso e farinha Maizena só entopem as veias, dão suores e incontinência de esfincteres.
  • Raticidas, Herbicidas e mais mata-ratos resultam. mas agora as Agrorurais exigem identificação na compra desses produtos e ficas automaticamente referenciado. Tens de ser rápido e não hesitar. Comprar e pimba tomar logo. Preparem-se para uma morte atroz e um sofrimento horrível.( só quem já assistiu sabe a agonia que é ).
  • Boca do Inferno, Cabo Espichel, Ribamar e Ponta de Sagres são sítios bons. Resultam bem, levas com  uma ondas e ainda vês a paisagem que é gira. O perfeito dois em um.
  • Beber muito, acelerar bastante, sempre acima cima dos 150 km/h e se possível não usar cinto de segurança também resulta, mas primeiro vejam se não acertam em ninguém.

Malta é pá... por favor.... não se tentem matar... isto de preferência, até porque a vida é bela e vale a pena ser vivida, há sempre muito a descobrir e cada dia é um novo dia repleto da possibilidade de coisas boas, mas se insistirem não se esqueçam, leiam primeiro o manual de instruções e escolham ideias mesmo boas.

                                                                     

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O gajo do machado...



É saudável rir das coisas mais sinistras da vida, inclusive da morte. O riso é um tónico, um alívio, uma pausa que permite atenuar a dor.
Charlie Chaplin


No primeiro dia de trabalho dou por mim a rir como há muito tempo já não ria. Confesso que já tinha saudades, do espírito de equipa, da amizade, da entreajuda entre nós. Adoro os meus colegas de trabalho, a cumplicidade só nossa nos pequenos gestos disfarçados que dizem tudo, nas trocas de olhares dissimuladas que só nós entendemos, nos silêncios onde tudo se diz sem uma única palavra, ou apenas no levantar de sobrancelhas quando algum de nós diz alto aquilo que não deve.

Hoje o Dr MM foi ao cesto dos socos à procura de uns socos 44, e não encontrou nenhuns completos. Restavam apenas 3 pares de socos que lhe serviam, mas só com pés esquerdos, mas o MM que é um gajo despachado e divertido não se atrapalhou, toca de calçar os dois socos esquerdos e fazer-se à vida. A figura era hilariante parecia um palhaço com as biqueiras das socas com o ângulo ao contrário, e por onde passava toda a gente ingenuamente lhe dizia: Ó Dr. MM tem dois pés esquerdos, ao que ele respondia: acabei de descobrir que por aqui há mais gente com pés direitos que esquerdos, gosto de fazer a diferença.
E lá andou ele as12 horas de banco com dois left feet, e nada raladinho.

Mais tarde...

Recebemos um poli traumatizado por acidente de viação, embate a baixa velocidade, consciente, orientado, com escassas escoriações na face e membros inferiores, e sem lesões graves aparentes, que após realizar exames complementares de diagnóstico, protocolo de rx e tc de cranio, se encontrava deitado na sala de emergência a aguardar observação pela ortopedia e pela cirurgia maxilo-facial. Enquanto os doentes aguardam pelos cirurgiões, nós senta-mo-nos na nossa área de trabalho, observamos o doente, os monitores e falamos claro está... beca beca entre nós... nada de novo pois.

Hoje o tema da conversa era a separação de bens do meu colega Duarte de quem já falei aqui, e que  apanhou a namorada com quem vivia em plena acção de pinanço com outro. O Duarte na altura saiu de casa, da casa que era dele e não trouxe nada... apenas a roupa que tinha vestida e o carro que utilizava. Já passou um ano e gradualmente o Duarte tem tentado reaver aquilo que era dele, desde objectos pessoais, e coisas que comprou fruto do seu trabalho e dos muito turnos que faz.

Dizia o Duarte em conversa inflamada: um dia passo-me da marmita, salto o terraço, entro lá em casa, levo um machado, retraço-lhe a mobília toda e deixo-lhe uma pilha de paus para se aquecer no inverno. De repente quando olhamos para o lado vê-mos o doente nu, semi sentado na maca de olhos esbugalhados a olhar para todos nós, de dedo no ar...Você não faça isso, nem sabe no que se mete, olhe que eu sou juiz e quem o avisa seu amigo é... fica sem mobília e ainda vai preso.

Gargalhada geral....